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CHINA - O presidente chinês, Xi Jinping, disse ao líder norte-coreano Kim Jong Un que Pequim está disposta a trabalhar com Pyongyang pela paz mundial, informou a mídia estatal norte-coreana neste sábado. 

A mensagem de Xi foi enviada dias depois que a Coreia do Norte disparou um míssil balístico intercontinental (ICBM), alertando que responderia às ameaças nucleares dos EUA com suas próprias armas nucleares. 

Xi disse na mensagem que a China está pronta para trabalhar com o Norte pela "paz, estabilidade, desenvolvimento e prosperidade na região e no mundo", informou a agência de notícias oficial da Coreia do Norte KCNA.

O governante chinês afirmou na mensagem que "as mudanças no mundo, nos tempos e na história ocorrem de maneiras sem precedentes", disse a KCNA, segundo a qual a mensagem era uma resposta às felicitações que Kim enviou a Xi pelo congresso do Partido Comunista da China. Nesse congresso, realizado em outubro, Xi foi nomeado para um terceiro mandato presidencial. 

A Coreia do Norte realizou uma série recorde de lançamentos de mísseis nas últimas semanas, levantando temores de que planeja realizar seu sétimo teste nuclear, que seria o primeiro desde 2017. 

Pouco antes do lançamento do ICBM, Xi conversou com o presidente dos EUA, Joe Biden, à margem da cúpula do G20 em Bali, e disse que Pequim não quer uma escalada causada por Pyongyang.

Biden pediu a Xi que use sua influência para conter o belicismo norte-coreano. 

O míssil lançado em 18 de novembro parecia ser o mais novo ICBM da Coreia no Note e é capaz de atingir o território continental dos Estados Unidos. 

A Coreia do Norte enfrenta várias sanções internacionais por seus programas balísticos e nucleares. 

A China é o principal parceiro comercial da Coreia do Norte, respondendo por mais de 90% do comércio do país empobrecido e recluso.

 

 

AFP

CHINA - As autoridades de Zhengzhou, que possui uma das maiores fábricas de IPhone do país, anunciaram o lockdown de quase metade da população nesta quinta-feira (24). Em todo o país, o número de casos diários de covid-19 na China atingiu um novo recorde desde o início da pandemia, com um total de 31.454 novas contaminações nesta quarta-feira, sendo 27.517 assintomáticos.

As autoridades sanitárias organizaram uma campanha de testes em vários distritos, onde as pessoas deverão ficar trancadas a partir desta sexta-feira (25), à meia-noite. Os moradores do centro da cidade não poderão mais deixar a área sem um teste PCR negativo e autorização. A autoridades os aconselharam a sair de casa apenas "em caso de necessidade." As medidas atingem vários bairros da cidade.

Os trabalhadores da fábrica já vinham sendo submetidos a várias restrições. Nesta quarta-feira, os operários se reuniram em frente à fábrica para protestar contra as medidas anticovid e a diminuição de um valor de um bônus prometido pela direção. Eles criticam as condições de trabalho "caóticas", geradas pelas restrições.

No mês passado, os trabalhadores, temendo o lockdown "repentino" da fábrica, fugiram a pé do local. A política adotada pela China contra a propagação do vírus, conhecida como "zero covid", leva o país a adotar medidas drásticas, como o lockdown de cidades inteiras e a imposição de quarentenas para casos positivos.

A estratégia, que continua sendo defendida pelo presidente Xi Jinping, vem gerando descontentamento de parte da população. O número de infecções vem batendo recordes no país.

O Ministério da Saúde anunciou, na quinta-feira, um novo recorde de casos em 24 horas, com mais de 31 mil casos, ultrapassando o número de contaminações registrado em abril, quando ocorreu o lockdown de Xangai.

Esses dados, entretanto, parecem irrisórios levando em consideração o tamanho da população chinesa, de 1,4 bilhão de habitantes.

 

Restrições em outras cidades

A nova onda de contaminações levou o governo a impor restrições em outras grandes cidades: Pequim, Xangai e Chongqing. A capital agora exige um PCR negativo de menos de 48 horas para autorizar a entrada em locais públicos, como centros comerciais, hotéis e prédios da administração.

Pequim anunciou quase 1.500 novos casos nesta quarta-feira, a grande maioria assintomática, em uma população de 22 milhões. É o número mais alto da cidade, embora muito baixo em comparação com os padrões internacionais.

Várias escolas voltaram a adotar o ensino à distância e a maioria dos restaurantes, bares e estabelecimentos comerciais foram fechados. Em Cantão, no sul, onde está o epicentro da atual onda epidêmica, o governo construiu milhares de quartos temporários para receber os pacientes.

O governo anunciou em 11 de novembro o relaxamento de várias medidas, mas as novas altas de casos levaram à retomada das restrições. A China ainda não aprovou a utilização das vacinas à base de RNA mensageiro, mais eficazes, e apenas 85% das pessoas com mais de 60 anos receberam duas doses.

 

 

 

(Com informações da AFP)

por RFI

CAMBOJA - As divergências a respeito de Taiwan dominaram a reunião desta terça-feira (22) entre o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, e seu homólogo chinês, Wei Fenghe, um encontro que aconteceu no Camboja em um momento em que as duas nações se esforçam para conter as tensões.

A reunião, que ocorreu à margem de uma conferência de ministros da Defesa na cidade cambojana de Siem Reap, foi a primeira entre os dois desde junho.

Pouco depois, em agosto, a visita da presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan aumentou a tensão entre as potências.

Desde então, Pequim e Washington tentam acalmar a situação e organizaram vários encontros entre funcionários de alto escalão.

Uma fonte do Departamento de Defesa americano classificou o diálogo entre Austin e Wei como "produtivo e profissional".

"As partes concordaram que é importante que nossos países trabalhem juntos para evitar que a concorrência resulte em conflito", declarou.

Austin buscou "a reabertura de uma série de diálogos e mecanismos militares, além de outros mecanismos para ajudar a administrar a concorrência de forma responsável", acrescentou a mesma fonte.

Estes procedimentos e diálogos foram suspensos depois da visita de Pelosi a Taiwan, que provocou indignação e várias ameaças de Pequim

O funcionário do governo americano informou que Austin e Wei tiveram uma "longa conversa" sobre Taiwan, que durou quase uma hora e meia.

Um porta-voz do ministério da Defesa da China descreveu o encontro como "sincero, profundo, prático e construtivo".

"As duas partes reconheceram que os exércitos devem implementar com seriedade os importantes consensos alcançados pelos chefes de Estado para manter a comunicação e os contatos, além de fortalecer a gestão da crise e trabalhar duro para manter a paz e a estabilidade regional", disse o porta-voz.

A fonte acrescentou que a "China considera importante o desenvolvimento das relações bilaterais, mas que os Estados Unidos devem respeitar os interesses fundamentais chineses". 

 

- Linha vermelha -

A China considera que Taiwan é parte de seu território e busca retomar o controle, inclusive pela força se considerar necessário.

Durante a reunião, Wei disse que para a China a questão de Taiwan é uma linha vermelha.

"Taiwan pertence a China, é um tema que deve ser resolvido pelo povo chinês apenas e nenhuma força externa tem o direito de interferir", disse o porta-voz.

Pequim critica as ações diplomáticas que podem conceder legitimidade a Taiwan e critica as visitas à ilha de autoridades ocidentais.

Após a visita de Pelosi, Pequim organizou manobras militares em larga escala ao redor da ilha.

Austin disse a Wei que a política americana a respeito de Taiwan não mudou e que Washington continua contrário a qualquer mudança unilateral no 'status quo' da ilha.

Na reunião também foram citados outros temas geopolíticos como a invasão russa da Ucrânia e a situação da Coreia do Norte, segundo um comunicado do secretário de imprensa do Pentágono, o general Pat Ryder.

O encontro entre os secretários de Defesa aconteceu uma semana após a reunião do presidente chinês Xi Jinping com o colega americano Joe Biden, à margem da cúpula do G20.

Poucos dias depois, Xi se reuniu com a vice-presidente americana, Kamala Harris, no encontro de cúpula da APEC em Bangcoc.

 

 

AFP

CHINA - Um futuro experimento chinês pretende enviar macacos para a nova estação espacial Tiangong, cuja construção foi concluída recentemente. A tarefa dos primatas dentro do laboratório na órbita baixa terrestre é uma só: se reproduzir. O objetivo do experimento é avaliar se os animais serão capazes de copular fora do nosso planeta, em um ambiente de microgravidade, e será realizado em Wentian, o maior módulo da estação espacial chinesa, utilizado para experiências ao redor das chamadas ciências da vida.

O laboratório já foi utilizado para análise de seres vivos como algas e peixes, e, além dos macacos, outros experimentos com ratos também serão realizados para analisar o crescimento e a reprodução dos animais no contexto espacial. “Esses experimentos ajudarão a melhorar nossa compreensão da adaptação de um organismo à microgravidade e a outros ambientes espaciais”, afirmou Zhang Lu, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim, e um dos líderes do estudo.

O experimento tem como objetivo compreender melhor as possibilidades de reprodução humana no espaço, mas as dificuldades de realização dos testes aumentam consideravelmente junto com o tamanho maior dos animais envolvidos. É preciso, afinal, cuidar dos macacos, alimentá-los e resolver os resíduos que naturalmente serão produzidos, bem como lidar com os possíveis efeitos de perturbação e estresse que a viagem e o ambiente confinado podem causar nos animais.

“No chão é possível acalmar um macaco em pânico com brinquedos, música ou simplesmente deixá-los se misturar com outros macacos. Como cuidar deles, mantê-los felizes e confortáveis será um novo desafio para os astronautas”, explicou um dos especialistas.

As complicações impostas pela baixa gravidade, que atrapalha até mesmo que dois corpos se mantenham próximos no contexto espacial, são parte dos dilemas enfrentados no experimento, que trabalhará com animais nascidos em laboratório.

O teste chinês pretende avaliar a qualidade dos espermatozoides e dos óvulos na microgravidade, bem como o efeito sobre os hormônios, testículos e outros órgãos reprodutivos. Entre muitos animais que já viajaram para fora da Terra, mais de 32 macacos já foram enviados ao espaço desde 1949, quando um macaco-rhesus de nome Albert II foi lançado a 134 km de altura na atmosfera terrestre. O primeiro grande símio a viajar para o espaço foi Ham, que participou de uma missão da NASA em 1961, retornando com segurança à Terra, onde viveu até 1983.

Mais de 32 macacos já foram enviados ao espaço em experimentos semelhantes desde os anos 1940.

 

 

Vitor Paiva / HYPENESS

CHINA - As exportações da China registraram contração em outubro, a primeira desde meados de 2020, informaram nesta segunda-feira as autoridades do país, em um cenário de desaceleração interna e de ameaça de recessão mundial.

As exportações caíram 0,3% em ritmo anual em outubro, de acordo com a Administração Geral das Alfândegas, uma queda expressiva em comparação com o aumento de 5,7% de setembro e muito abaixo das expectativas dos analistas.

As importações em ritmo anual registraram queda de 0,7% em outubro, o primeiro resultado negativo desde março e uma queda na comparação com o avanço de 0,3% de setembro.

A desaceleração do comércio acontece no momento em que a demanda mundial de produtos chineses perde força, com os preços da energia em alta e a economia dos Estados Unidos sob ameaça de recessão.

Os confinamentos esporádicos por causa da covid-19 também prejudicaram o entusiasmo dos consumidores e a confiança empresarial na segunda maior economia do mundo.

Os analistas entrevistados pela Bloomberg previam um crescimento das exportações de 4,3% em outubro, mas projetavam um crescimento das importações de apenas 0,1% diante do enfraquecimento da demanda no país.

"O recente declínio nos volumes de exportação parece refletir uma reversão no aumento da demanda mundial por produtos chineses que aconteceu durante a pandemia", afirmou Zichun Huang, analista da Capital Economics.

Os analistas do grupo financeiro Nomura acreditam que a queda das exportações da China deve continuar nos próximos dois meses.

Como o forte crescimento das exportações tem sido o grande motor do crescimento do PIB na China desde a primavera de 2020, a contração nas exportações inevitavelmente pesará sobre o crescimento, o emprego e o investimento", destacaram.

A atividade das fábricas chinesas registrou contração em outubro, de acordo com dados oficiais divulgados na semana passada, números que o Escritório Nacional de Estatísticas atribui aos surtos de covid-19 do mês passado.

 

 

AFP

PEQUIM - A China registrou, nesta segunda-feira, 7, o maior número de infecções por covid-19 em seis meses. Foram contabilizados 5,6 mil novos casos da doença; quase metade deles na província de Guangdong, um centro manufatureiro com grandes portos comerciais no sul do país.

O aumento ocorre apesar das restrições impostas que afetaram áreas como indústria, educação e a vida cotidiana no território chinês. Neste fim de semana, Pequim afastou a possibilidade de relaxar a sua rígida política de zero covid, que inclui confinamentos, quarentenas e testes maciços para conter até o menor surto de contágio. A Comissão Nacional de Saúde da China garantiu que manterá a política de zero covid, enterrando rumores de que Pequim facilitaria a política de saúde.

Uma onda de escândalos ligados aos bloqueios, com moradores reclamando de condições inadequadas, falta de comida e atrasos no atendimento médico, minou a confiança do público nas medidas.

A medida restritiva na maior fábrica de iPhone do mundo, em Zhengzhou, levou a Apple a alertar que a produção foi “impactada temporariamente” e os clientes enfrentarão atrasos no recebimento de seus pedidos. “A fábrica (Zhengzhou) está operando atualmente com uma capacidade significativamente reduzida”, disse a Apple em comunicado no final deste domingo, 6.

A gigante de tecnologia taiwanesa Foxconn, que administra a fábrica, revisou para baixo sua receita trimestral devido às restrições.

 

Nova onda de covid-19

Como mostrou o Estadão, os resultados de laboratórios particulares indicam um aumento do número de testes positivos de covid-19 no Brasil. Entre 8 e 29 de outubro, o País saltou de 3% para 17% de novos diagnósticos confirmados para o vírus em relação ao total, segundo levantamento do Instituto Todos pela Saúde.

 

Para entender

A Europa já tem visto uma elevação de casos e internações. A subvariante conhecida como Ômicron BQ.1 foi identificada em países do continente e, segundo as autoridades, ameaça ser predominante entre o fim de novembro e o início de dezembro.

No sábado, 5, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro informou que foi confirmado um caso de covid-19 provocado pela subvariante Ômicron BQ.1 na capital fluminense. A circulação da subvariante na cidade foi detectada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) por meio de sequenciamento genético.

Especialistas apontam que é importante que a população preste atenção aos sintomas, faça testes para confirmar a infecção por coronavírus e siga o tratamento correto da doença. Como a covid-19 pode ser confundida com um resfriado ou gripe, é importante que a pessoa, ao perceber os sintomas, faça um teste para comprovar se há infecção por coronavírus ou por influenza, que também teve aumento relevante no número de testes positivos. /Com informações da AFP

 

 

ESTADÃO

EUA - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o novo premiê do Reino Unido, Rishi Sunak, tiveram uma primeira conversa na terça-feira (25), na qual concordaram em trabalhar juntos para apoiar a Ucrânia e fazer frente à China, informou a Casa Branca.

Os dois líderes conversaram apenas horas depois de Sunak se tornar o terceiro primeiro-ministro britânico em exercício neste ano. O ex-ministro das Finanças de Boris Johnson terá que lidar com uma crise econômica após a renúncia de Liz Truss, que permaneceu apenas 49 dias no cargo.

Biden e Sunak refirmaram a "relação especial" entre Estados Unidos e Reino Unido, e se comprometeram a trabalhar juntos para avançar em segurança global e prosperidade, informou a Casa Branca no comunicado oficial sobre a conversa.

"Os líderes estiveram de acordo sobre a importância de trabalharem juntos para apoiar a Ucrânia e responsabilizar a Rússia" pela invasão da ex-república soviética iniciada em fevereiro. O Reino Unido tem sido um aliado-chave de Washington na Europa para fornecer armas e apoio ao exército ucraniano.

Além do conflito na Ucrânia, a Casa Branca assinalou que Biden e Sunak concordaram com a necessidade de "abordar os desafios apresentados pela China", um país que os Estados Unidos identificam atualmente como o seu principal rival econômico e geopolítico no cenário mundial.

 

 

AFP

Beijing - A receita fiscal da China caiu 6,6% em termos anuais durante os primeiros nove meses de 2022, mostraram dados oficiais divulgados nesta terça-feira.

 A receita fiscal somou aproximadamente 15,3 trilhões de yuans (US$ 2,13 trilhões) durante o período, de acordo com o Ministério das Finanças.

Excluindo o impacto das restituições de crédito de imposto sobre valor agregado, a receita fiscal cresceu 4,1% em relação a um ano atrás. O governo central coletou cerca de 6,99 trilhões de yuans em receita fiscal, uma queda de 8,6%, e os governos locais, 8,32 trilhões de yuans, uma queda de 4,9%.

A receita proveniente de impostos chegou a quase 12,44 trilhões de yuans no período janeiro-setembro, uma queda anual de 11,6%.

Os gastos fiscais subiram 6,2% ano a ano, atingindo cerca de 19,04 trilhões de yuans no período, de acordo com o ministério.

 

 

Zhou Qianxian,unreguser / Xinhua_PT

Beijing-- As exportações de automóveis da China subiram 55,5% ano a ano nos primeiros nove meses de 2022, para 2,11 milhões de unidades, mostram dados do setor.

Mais de 1,69 milhão de carros de passageiros foram exportados de janeiro a setembro, um aumento de 60,1% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Associação Chinesa de Fabricantes de Veículos Automotores (CAAM, em inglês).

As exportações de veículos comerciais do país subiram 39,2% ano a ano, para 422 mil unidades no mesmo período, informou a associação.

Os veículos de nova energia tornaram-se destaque nas exportações, com 389 mil unidades vendidas ao exterior no período janeiro-setembro, disparando mais de 100% em termos anuais.

Em setembro, as exportações de automóveis do país subiram 73,9% ano a ano, para 301 mil unidades, mostram os dados.

 

 

Zhao Yang / Xinhua_PT

CHINA - A caminho de seu terceiro mandato, Xi Jinping reforçou no domingo (16), dia em que se inicia o 20º Congresso do Partido Comunista Chinês, o discurso que tem adotado em relação a Taiwan e a Hong Kong, duas das áreas mais sensíveis de sua gestão.

Sobre a ex-colônia britânica, na qual Pequim fechou o cerco a movimentos dissidentes desde os amplos protestos registrados em 2019, disse que a China já alcançou o "controle total" sobre a região, "transformando o caos em governança".

Já sobre Taiwan, voltou a afirmar o desejo de promover a reunificação pacífica com a ilha —o que não implicaria, necessariamente, em Pequim abandonar a possibilidade de usar a força.

"Resolver a questão de Taiwan é assunto do próprio povo chinês, e cabe ao povo chinês decidir", disse o dirigente em uma mensagem voltada para a comunidade internacional, notadamente os Estados Unidos. "E reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias para isso."

A ilha, na prática, é independente, mas é considerada uma província rebelde por Pequim. A tensão geopolítica que cerca Taiwan subiu de temperatura no início de agosto, após a presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, visitar a região.

O regime de Xi, em reação à visita da americana, realizou uma série de exercícios aéreos ao redor da ilha, no que Taipé descreveu como simulações de ataques a seu território. O governo local rechaça a possibilidade de uma guerra com a vizinha continental, mas também diz que não dará nenhum passo atrás na democracia.

Para Pequim, manter Taiwan sob seu domínio é parte fundamental do plano de "rejuvenescimento da nação", principal objetivo e slogan da gestão de Xi. O termo versa sobre a construção de um país próspero e desenvolvido até 2049, ano do centenário da China comunista —assim, sendo a reunificação um requisito para a tarefa, deduz-se que o prazo para que Taiwan volte à alçada de Pequim também é 2049.

"A reunificação da pátria será alcançada", frisou o dirigente diante da cúpula do partido. "Temos empenhado uma luta contra o separatismo e a interferência [estrangeira] e demonstrado nossa determinação e capacidade de proteger a soberania nacional e a integridade territorial e de nos opor à independência de Taiwan".

Xi falava aos cerca de 2.300 delegados de todo o país reunidos no Grande Salão do Povo, em Pequim, em meio a um forte esquema de segurança, e também aos cidadãos chineses, que puderam assisti-lo em transmissões por telões distribuídos em praças públicas.

Taipé respondeu aos comentários. O gabinete presidencial da ilha reiterou que a região é um país soberano e independente. "A posição de Taiwan é firme: não recuar na soberania nacional e não comprometer a democracia; um encontro no campo de batalha absolutamente não é uma opção para os dois lados", afirmou, em nota.

Mais cedo, falando a jornalistas, o premiê taiwanês, Su Tseng-chang, alvo de sanções de Pequim por ser considerado um separatista, disse que Xi Jinping deveria se concentrar em seu próprio povo. "Ele deveria prestar atenção na fumaça e nas faixas de protesto na ponte Sitong, em Pequim, em vez de pensar em usar a força para lidar com Taiwan."

O premiê se referia a um raro protesto contra Xi e contra as restrições impostas por Pequim para conter o avanço do coronavírus. O episódio foi registrado na quinta-feira (13), quando faixas que chamavam Xi de traidor e ditador foram colocas em uma ponte —e prontamente retiradas pelas forças de segurança.

A Covid-19 também marcou presença no discurso de Xi, mas de modo a reforçar a frustração daqueles que anseiam pelo abandono da rígida estratégia de Pequim contra o vírus. "Aderimos à supremacia do povo e da vida, e com a dinâmica de Covid zero alcançamos grandes resultados na prevenção da epidemia e no desenvolvimento econômico e social."

Como outros países, o gigante asiático também sentiu os efeitos da pandemia e viu sua economia desacelerar. Chegou-se a cogitar se o cenário seria razão para atrapalhar os planos do terceiro mandato de Xi —pelo visto, não foi.

Em Hong Kong, não há expectativas de comentários das autoridades questionando as declarações de Xi. Afinal, John Lee, um aliado de Pequim, foi nomeado líder da ilha em maio após o regime comunista modificar a lei eleitoral honconguesa e ampliar seu controle sobre a ex-colônia britânica. Lee, então candidato único ao cargo, é ex-chefe de segurança e foi responsável por implementar a dura repressão ao movimento pró-democracia local.

Pouco antes de ter início o Congresso do PC Chinês, um porta-voz do partido adotou linha semelhante à de Xi: disse que, enquanto houver chance, Pequim fará o "seu melhor" para resolver pacificamente a questão de Taiwan e que "meios não pacíficos" serão o último recurso.

Também afirmou, segundo o jornal South China Morning Post, que a independência de Taiwan é um beco sem saída, com chances nulas.

Taiwan é considerada uma democracia liberal e um país livre pelos principais institutos internacionais que monitoram o nível de liberdades locais. A americana Freedom House descreve a ilha como um sistema democrático vibrante e competitivo, que permitiu três transferências pacíficas de poder entre partidos rivais desde 2000.

Na contramão, Hong Kong é vista como uma autocracia ou um regime parcialmente livre. As definições vieram após a implementação da Lei de Segurança Nacional em 2020, que ampliou o cerco à oposição.

Ainda durante seu discurso, que durou menos de duas horas, Xi disse que o país deve adotar medidas para aumentar sua taxa de natalidade, desafio que bate à porta diante do temor de declínio iminente da população chinesa. "Vamos buscar uma estratégia nacional proativa em resposta ao envelhecimento da população", afirmou.

Coube à área de segurança liderar os termos mais mencionados pelo chinês ao longo da fala: 89 vezes, segundo contagem da agência Reuters. Xi falou sobre segurança alimentar, energética e da área da informação. Mas frisou, claro, a segurança nacional, que, sob sua batuta, multiplicou sua capacidade bélica.

"Muitas deficiências estavam afetando a modernização da defesa nacional e das Forças Armadas", afirmou. Sob sua liderança, disse ele, o desafio começou e seguirá a ser sanado.

 

 

FOLHA de S. PAULO

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