UCRÂNIA - O Exército russo tentava neste domingo um cerco completo a Bakhmut, cidade do leste da Ucrânia que se converteu no epicentro da guerra, onde as tropas de Kiev se esforçavam para resistir.
"Gostaria de prestar uma homenagem especial à bravura, força e resiliência dos soldados que combatem no Donbass (região onde fica Bakhmut)", disse o presidente Volodymyr Zelensky em seu discurso diário. Ele chamou de "dolorosa e difícil" a batalha pelo Donbass e agradeceu a seus soldados, que "repeliram ataques, destruíram o ocupante, enfraqueceram as posições e a logística do inimigo e protegeram nossas fronteiras e cidades".
O estado-maior ucraniano informou que repeliu "mais de 130 ataques inimigos" nas últimas 24 horas em vários locais do front, incluindo Liman, Bakhmut, Kupiansk e Avdiivka. "O inimigo ainda tenta cercar a cidade de Bakhmut", acrescentou, sem dar detalhes.
Serhiy Cherevaty, porta-voz do Grupo de Forças do Leste das Forças Armadas Ucranianas, afirmou que cidades ao norte e oeste de Bakhmut foram atacadas. Pouco antes, ele havia afirmado que a situação em Bakhmut era "difícil", mas "sob controle".
O Exército dos separatistas pró-Rússia de Donetsk divulgou hoje um vídeo em que supostos combatentes do grupo Wagner afirmam que conquistaram a estação ferroviária de Stupky, no subúrbio do norte de Bakhmut. A batalha por essa cidade, que já dura meses, ganhou um valor simbólico para ambos os lados.
Neste sábado, o Instituto de Estudos da Guerra (ISW), um think tank americano, observou que as forças russas ganharam posições em Bakhmut que poderiam permitir que os soldados contornassem algumas defesas ucranianas.
- 13 mortos em Zaporizhzhia -
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, realizou uma inspeção de um posto de comando no front leste da Ucrânia, na "direção Donetsk-Sul", informou o Ministério da Defesa no sábado, sem especificar o local ou a data exata da visita.
Para o ISW, a visita de Shoigu foi "aparentemente destinada a avaliar as baixas perto de Vugledar e a possibilidade de continuar uma ofensiva nessa direção".
Segundo imagens divulgadas no sábado pelo Exército russo, o ministro também participou de uma reunião com o alto comando encarregado da ofensiva na Ucrânia, incluindo o chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov.
Nas últimas 24 horas, foram registrados tiroteios em áreas residenciais, nos quais cinco pessoas morreram do lado ucraniano, segundo as autoridades.
A promotoria de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, anunciou a abertura de uma investigação de crimes de guerra sobre a morte de um casal de civis em um ataque russo que atingiu seu veículo neste domingo na cidade de Budarky.
O balanço do ataque contra um edifício residencial em Zaporizhzhia (sudeste), na noite de quarta-feira, subiu para 13 mortos, incluindo uma criança.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou a "tomada de reféns" da usina de Zaporizhzhia, a maior da Europa, e pediu aos países ocidentais que sancionem a indústria nuclear russa.
Em entrevista à AFP, o prefeito da cidade de Energodar - onde fica a central nuclear - disse que a usina foi fechada e transformada em "base militar" russa.
UCRÂNIA - O grupo paramilitar russo Wagner, que está na linha de frente no conflito na Ucrânia, afirmou na sexta-feira (3) que a cidade de Bakhmut, leste do país, está "praticamente cercada" e pediu ao presidente Volodimir Zelensky que ordene a retirada das tropas.
A batalha de Bakhmut, uma cidade industrial com uma importância estratégica questionável, começou em meados do ano passado e provocou muitas baixas dos dois lados.
A cidade virou um símbolo da guerra, por ser o epicentro dos combates entre russos e ucranianos há vários meses.
As forças russas avançaram nas últimas semanas para o norte e sul de Bakhmut. Em seguida cortaram três das quatro rodovias utilizadas para o abastecimento das tropas ucranianas na cidade.
As unidades Wagner têm Bakhmut praticamente cercada, resta apenas uma rodovia para sair da cidade", declarou o fundador e comandante do grupo paramilitar, Yevgueny Prigozhin, em um vídeo publicado no Telegram.
Prigozhin pediu a Zelensky - que havia prometido defender Bakhmut "pelo maior tempo possível - que ordene a retirada das tropas ucranianas da cidade, em grande parte destruída.
"Se antes enfrentávamos um exército ucraniano profissional, que lutava contra nós, hoje vemos cada vez mais velhos e crianças. Eles lutam, mas a vida deles em Bakhmut é curta, um ou dois dias”, alertou Prigozhin.
"Dê a oportunidade para que abandonem a cidade, está praticamente cercada", acrescentou o comandante do grupo Wagner.
O vídeo mostra em seguida três pessoas, um idosos e dois jovens, que pedem a Zelensky permissão para deixar a região.
- Combates intensos -
O comando militar ucraniano admitiu na terça-feira uma situação "extremamente tensa" em Bakhmut diante dos ataques russos.
No mesmo dia, Zelensky citou um aumento da "intensidade dos combates" ao redor da cidade, que tinha quase 70.000 habitantes antes do conflito. Atualmente restam 4.500, segundo as autoridades locais.
O Estado-Maior ucraniano não revelou detalhes sobre a situação em Bakhmut nesta sexta-feira e limitou-se a destacar que o exército impediu 85 ataques russos no país nas últimas 24 horas.
Na quarta-feira, o porta-voz do comando leste do exército ucraniano, Serguii Cherevaty, negou à AFP as versões de que uma retirada estava em curso em Bakhmut.
- Incursão na Rússia -
O fundador do grupo Wagner fez as afirmações um dia após um incidente na região russa de Briansk, perto da fronteira, que segundo Moscou foi uma incursão de "sabotadores" ucranianos.
De acordo com as forças de segurança da Rússia, o grupo abriu fogo contra um carro e matou dois civis, além de ter deixado uma criança ferida, na localidade de Lyubechane.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que "medidas serão adotadas para evitar eventos semelhantes no futuro". Ele também disse que "conclusões serão tiradas após a investigação" sobre o suposto ataque.
A presidência ucraniana desmentiu as acusações e afirmou que o incidente foi uma "provocação deliberada" da Rússia para justificar a invasão.
O Comitê de Investigação russo anunciou que enviou uma equipe ao local e que a situação está "sob controle das forças de segurança". O Serviço Federal de Segurança (FSB) afirmou que encontrou uma "grande quantidade de explosivos" na região.
As autoridades russas reportaram esta semana vários ataques com drones ucranianos na Crimeia, uma península anexada pela Rússia em 2014. Pela primeira vez, um drone caiu na região de Moscou, sem provocar danos ou vítimas.
Nesta sexta-feira, fontes das forças de segurança citadas pela agência TASS relataram a explosão de um drone na região Kolomna, 100 km ao sudeste de Moscou.
- Biden recebe Scholz em Washington -
Na frente diplomática, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebe nesta sexta-feira em Washington o chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz.
O porta-voz do chanceler alemão disse que a reunião terá o objetivo de debater a evolução do conflito na Ucrânia e o apoio que os aliados podem oferecer a Kiev.
Peskov fez um alerta contra novas entregas de armas ocidentais à Ucrânia.
O fornecimento de armas "não terá um impacto decisivo no resultado da ofensiva (na Ucrânia), mas é óbvio que prolongará este conflito, com tristes consequências para o povo ucraniano", disse.
UCRÂNIA - Na Ucrânia, combates intensos continuam a travar-se na região do Donbass e, em particular, na província de Donetsk. Bakhmut e Avdiivka são alguns dos pontos críticos, onde os combates não poupam os civis que não querem deixar as suas casas.
A cidade de Avdiivka, ainda nas mãos da Ucrânia, fica a 15 quilómetros de Donetsk, capital da região com o mesmo nome, mas controlada pelos russos. Na cidade, viviam 30 mil pessoas, mas hoje permanecem apenas 2500 pessoas, incluindo 44 crianças que vivem sob constantes bombardeamentos.
Muitos habitantes não querem deixar as suas casas, apesar de não haver eletricidade há 10 meses.
“Não há condições de segurança para tentar reparar a rede, alguns operacionais ficaram feridos quando tentaram fazê-lo”, explica o chefe da administração militar da cidade. Não há água nem gás. A ajuda humanitária chega por via militar, com caixas para um mês de sobrevivência providenciadas por ONGs estrangeiras e pelo Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas.
Em declarações à RFI, Vitali Barabash revela que a situação se deteriorou muito nas últimas duas semanas.
“Não sabemos exactamente o que está na cabeça deles, mas sabemos quais são os seus objetivos - querem tomar toda a região de Donetsk e Luhansk. Por isso, precisam de tomar Avdiivka. Mas, além disso, precisam de controlar Karlivka que é um reservatório de água para metade da região. Na guerra é impossível atravessar algo tão grande. O maior problema que temos é que se tomarem Avdiivka, vão ficar com o controlo de Karlivka. E não haverá fornecimento de água aos civis da região”, explica o responsável militar.
Se tomarem Karlivka, a cidade de Prokovsk estará ao alcance da artilharia do inimigo. Para esta cidade, ponto de entrada e saída do Donbass, têm convergido muitos dos que foram saindo das zonas ocupadas de Donetsk, como Avdiivka ou Bakhmut, situada mais a leste, onde os combates prosseguem num raio de 10 a 15 quilómetros.
Bakhmut tornou-se um símbolo para ambas as partes na guerra. Ucranianos e russos empenharam aqui enormes recursos humanos com muitas baixas entre os soldados. Todos os relatos que vêm de Bakhmut utilizam adjetivos provavelmente incapazes de descrever a situação: catastrófica, assustadora, inumana, infernal.
Os russos pretendem avançar o mais possível na região de Donetsk. Os ucranianos fazem questão de resistir, mas consideram que deixar cair Bakhmut não é militarmente relevante para conter a ofensiva russa. Vários analistas militares sugerem que a Ucrânia está propositadamente a obrigar a Rússia a gastar muitos recursos numa pequena franja de território.
José Pedro Frazão, em serviço especial para a RFI, descreve a situação em que vivem os civis sujeitos aos efeitos dos combates nalgumas das cidades da linha da frente desta guerra.
por José Pedro Frazão / RFI
PROVÍNCIA DE DONETSK – Forças russas intensificaram nesta terça-feira sua campanha para cercar a cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, onde o comandante das forças terrestres ucranianas descreveu a situação como “extremamente tensa”.
As forças russas, incluindo combatentes mercenários do Grupo Wagner, estão tentando cortar as linhas de abastecimento dos defensores ucranianos para a cidade, cenário de algumas das batalhas mais sangrentas da guerra, e forçá-los a se render ou se retirar.
Isso daria à Rússia sua primeira grande conquista em mais de meio ano e abriria caminho para a captura dos últimos centros urbanos remanescentes na região de Donetsk, que Moscou afirma ter anexado junto com outras três regiões ucranianas.
“Apesar das perdas significativas, o inimigo lançou as unidades mais preparadas da Wagner, que estão tentando romper as defesas de nossas tropas e cercar a cidade”, disse o coronel-general Oleksandr Syrskyi da Ucrânia em uma plataforma de mensagens militares.
A agência de notícias russa RIA divulgou um vídeo que disse mostrar caças russos Su-25 voando sobre Bakhmut. “Estamos felizes por eles serem nossos”, disse um homem no clipe identificado como um combatente de Wagner, acrescentando que os jatos os ajudaram “psicologicamente”.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, que descreveu Bakhmut como “nossa fortaleza” que precisa ser defendida até o fim, afirmou em seu discurso de rádio noturno que as forças russas “estão constantemente destruindo tudo o que pode ser usado para proteger nossas posições de fortificação e defesa”.
Os militares da Ucrânia disseram que a Rússia também estava bombardeando assentamentos em torno de Bakhmut, que tinha uma população pré-guerra de cerca de 70.000, mas agora está em ruínas após meses de intensa guerra de trincheiras.
“No último dia, nossos soldados repeliram mais de 60 ataques inimigos”, disseram os militares no início da terça-feira, referindo-se a Bakhmut e áreas próximas do leste, acrescentando que as forças ucranianas repeliram os ataques russos às vilas de Yadhidne e Berkhivka, nas proximidades ao norte de Bakhmut.
O analista militar ucraniano Oleh Zhdanov disse que as forças russas abriram uma barreira entre essas vilas.
“A parte sul de Bakhmut é a única área que pode ser descrita como sob controle ucraniano. Em todos os outros distritos, a situação é imprevisível… É impossível dizer onde está a linha de frente”, declarou ele em um comentário em vídeo.
YELLEN EM KIEV
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, tornou-se a mais recente autoridade ocidental graduada a visitar a capital ucraniana, prometendo assistência e mais medidas para isolar a Rússia após reuniões com Zelenskiy e outras autoridades.
O chefe dela, o presidente norte-americano, Joe Biden, foi lá há uma semana para marcar o primeiro aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia.
“A América ficará com a Ucrânia o tempo que for necessário”, disse Yellen ao primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, na segunda-feira.
Por Leonardo Benassatto / REUTERS
UCRÂNIA - Em pronunciamento à população ucraniana na sexta-feira (24), dia em que a invasão russa completa um ano, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que “derrotará todos” e que fará o possível para dar fim ao conflito em 2023.
“Somos fortes. Estamos preparados para tudo. Derrotaremos todos, porque somos a Ucrânia”, disse o ucraniano. “Nunca os perdoaremos. Nunca descansaremos até que os assassinos russos sejam punidos. Pelo tribunal internacional, pelo julgamento de Deus ou por nossos soldados.”, completou.
Ainda nesta sexta-feira, o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, anunciou através do Facebook que prepara uma contraofensiva ao exército russo.
"Atacaremos com mais força e a partir de distâncias maiores, no ar, em terra, no mar e no ciberespaço. Nossa contraofensiva vai acontecer. Estamos trabalhando duro para prepará-la”, escreveu.
UCRÂNIA - A história do mundo é praticamente indistinguível da história da guerra. Após um hiato de 75 anos em que as nações desenvolvidas evitaram confrontos, a guerra voltou à Europa, o crisol das duas guerras mundiais. Vai esta guerra humilhar Vladimir Putin e desencorajar outros agressores, forjando uma nova paz? Ou intensificará os atritos entre potências, consolidando uma nova guerra fria que pode escalar para uma guerra quente e finalmente uma nova guerra mundial?
Em favor da primeira opção, o assalto de Putin produziu o inverso de seu intento inicial: o mito do poderio russo desmoronou; as nações ocidentais reagiram com uma solidariedade sem precedentes, galvanizaram a Otan e isolaram como nunca a Rússia; os ucranianos estão mais inclinados a integrar o Ocidente e fortalecer sua democracia, e sua contraofensiva recuperou amplos pedaços de seu território.
Por outro lado, se o desempenho do exército russo foi pior do que o esperado, o de sua economia foi melhor. Suas exportações foram canalizadas para grandes mercados como China, Índia e outros na Ásia, África e América Latina. Já a economia ucraniana agoniza e depende de um Ocidente que dá sinais de dissensos sobre até onde deve manter seu apoio. O tempo está a favor da Rússia.
Como já dissemos nesta página em junho do ano passado: “Idealmente, Ucrânia e Rússia estariam provendo o mundo com energia e alimento abundantes. A Ucrânia seria uma ponte entre a Europa e a Rússia, a qual seria uma ponte entre o Ocidente, a China e o Oriente, em um mundo seguro e economicamente aberto. Mas esse ideal de paz, justiça e prosperidade nunca esteve tão distante”. Hoje, está ainda mais.
Idealmente, o conflito deveria terminar com paz e justiça. Mas essa combinação é impraticável por uma dissonância entre o poder e a legitimidade: as ambições de Putin são ilegítimas, mas ele tem poder para ferir a Ucrânia e ameaçar o mundo. Se a platitude esposada por muitos, como o presidente Lula, de que “quando um não quer, dois não brigam”, é equivocada ante uma invasão criminosa, o fato é que uma guerra só termina quando as duas partes querem. E não há sinal dessa disposição por parte da Rússia – e tampouco da Ucrânia, que, a exemplo do que faria qualquer país soberano, não aceitará passivamente a pilhagem de seu território por um regime delinquente.
Há um limite nos objetivos dos adversários dos russos: assegurar a soberania e a democracia da Ucrânia e restaurar as fronteiras pré-2022 – no máximo as de 1991. Os objetivos de Putin são ilimitados: retomar a Ucrânia e outras partes do império russo. Ele está mobilizando a Rússia para um confronto civilizacional contra o Ocidente que pode durar toda uma geração. Para tanto, busca o apoio da China e conta com o esmorecimento da resolução ocidental – meta que poderia ser atingida com uma eventual eleição de Donald Trump em 2024.
O Ocidente precisa se preparar para essa guerra longa, de imediato fornecendo mais armas para que a Ucrânia ganhe posições na batalha. Com tanques e eventualmente caças, isso é possível. Ainda assim, será preciso se preparar para as retaliações de Putin. Isso implica modernizar arsenais para dissuadi-lo de uma escalada e concertar meios de financiar e armar a Ucrânia para garantir sua resiliência, eventualmente integrando-a à União Europeia e mesmo à Otan. Mais do que isso, terá de vencer a batalha da opinião pública em seus países e no mundo. A resiliência ocidental pode afinal virar a mesa, levando o povo russo a se dar conta de que não pode vencer a guerra e a forçar o Kremlin a uma solução de compromisso.
Os dilemas atuais foram resumidos por Henry Kissinger: “A busca pela paz e a ordem tem dois componentes que são por vezes tratados como contraditórios: a busca de elementos de segurança e a exigência de atos de reconciliação. Se não pudermos conquistar ambos, não atingiremos nenhum”. Manter o equilíbrio desses elementos, balanceando a força e a diplomacia, é crucial neste momento em que o mundo está numa posição equidistante e volátil entre uma nova paz e uma nova guerra mundial.
por Notas & Informações
UCRÂNIA - O diretor dos serviços secretos militares ucranianos afirmou ontem, 22, na edição ucraniana da revista Forbes, que Moscovo já iniciou a esperada "grande ofensiva" no leste da Ucrânia, mas faltam-lhe mísseis e munições para alcançar os seus objetivos estratégicos.
"A grande ofensiva que eles têm em mente já está em marcha", declarou Kyrylo Budanov, apesar de esta ser, acrescentou, pouco percetível devido às carências em matéria de armamento e de munições das forças russas.
Segundo o responsável máximo dos serviços secretos militares ucranianos, "o objetivo estratégico de Moscovo é chegar antes de 31 de março às fronteiras administrativas das regiões de Lugansk e Donetsk", dois territórios do leste da Ucrânia que a Rússia parcialmente ocupa e nos quais decorrem os combates mais intensos.
Budanov mostrou-se convicto de que o Kremlin não tem condições para cumprir tal objetivo, dado o ritmo acelerado a que está a esgotar munições e mísseis e ao pouco treino dos novos soldados que mobilizou.
Segundo o responsável, nem a produção da indústria armamentista russa nem as importações iranianas têm capacidade para compensar o desperdício de armamento e munições sofrido pela Rússia em batalhas como a que atualmente se trava pelo controlo da cidade de Bakhmut, na região de Donetsk.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 364.º dia, 7.199 civis mortos e 11.756 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
LUSA
RÚSSIA - A Rússia acusou de crimes de guerra 680 funcionários da segurança ucraniana, comandantes das Forças Armadas e dirigentes do ministério da Defesa, disse o presidente do Comité de Investigação da Rússia, numa entrevista publicada hoje pela imprensa russa.
"Atualmente, 680 pessoas estão a ser processadas. Foram também determinadas medidas para acusar 403 pessoas (...)", declarou Alexander Bastrikin numa entrevista divulgada hoje pela agência de notícias oficial TASS.
De acordo com Bastrikin, entre os acusados de usar meios e métodos de guerra proibidos estão 118 pessoas que são comandantes e líderes das Forças Armadas da Ucrânia e do Ministério da Defesa da Ucrânia.
O presidente do Comité de Investigação da Rússia - subordinado diretamente ao Kremlin - sublinhou que para 136 pessoas foi decretada a detenção à revelia.
Segundo Bastrikin, as ações das forças de segurança ucranianas estão a ser criminalizadas com base no artigo do Código Penal da Federação Russa sobre o uso de armas com propriedades altamente lesivas contra a população civil, incluindo aquelas com ogivas de fragmentação.
Este artigo prevê igualmente a responsabilidade "por maus-tratos à população civil".
O Comité de Investigação da Rússia abriu também mais de 150 processos criminais por informações que "desacreditam" as Forças Armadas russas desde o início da guerra na Ucrânia, há quase um ano, e acusou 136 pessoas no âmbito de este tipo de crime.
"Foram iniciadas 152 acusações criminais, das quais foram processadas 136 pessoas (...)", disse Bastrikin à TASS, acrescentando que "16 sentenças já foram proferidas".
por Lusa
UCRÂNIA - O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse nesta sexta-feira que é "óbvio" que a Ucrânia não será a última parada da invasão do presidente russo, Vladimir Putin, e que é vital que o Ocidente não atrase as entregas de armas para ajudar a repelir as forças russas.
O líder ucraniano afirmou à Conferência de Segurança de Munique por videoconferência que, enquanto o Ocidente negociava o fornecimento de tanques para Kiev, o Kremlin pensava em maneiras de "estrangular" a ex-república soviética da Moldávia, que fica a oeste da Ucrânia.
"É óbvio que a Ucrânia não será sua última parada. Ele continuará seu movimento por todo caminho... incluindo todos os outros Estados que em algum momento fizeram parte do bloco soviético", disse Zelenskiy.
Ele instou o Ocidente a manter entregas rápidas de armas.
"Atrasar sempre foi e ainda é um erro", declarou Zelenskiy.
Ele fez seus comentários iniciais em inglês ao discursar na conferência de segurança, uma reunião anual de políticos, autoridades militares e diplomatas, dias antes de a Ucrânia marcar o primeiro aniversário da invasão em grande escala da Rússia em 2022.
Apesar de seus alertas, Zelenskiy disse que não achava que a Rússia pudesse vencer.
Ele comparou a Ucrânia a Davi e a Rússia a Golias no conto bíblico em que o oprimido Davi vence. Ele afirmou que Davi derrotou Golias pela ação, e não pela conversa, e que Golias "não tem chances".
"Precisamos da velocidade, velocidade de nossos acordos, velocidade de entrega... velocidade de decisões para limitar o potencial russo", disse ele.
Reportagem de Max Hunder / REUTERS
UCRÂNIA - Rússia voltou hoje,16, a bombardear a Ucrânia, com o lançamento de 36 mísseis, dos quais 16 foram destruídos pela defesa antiaérea, disseram as autoridades ucranianas.
O chefe do gabinete presidencial da Ucrânia disse que os alvos tinham sido atingidos no norte, oeste e sul do país.
Uma mulher de 79 anos morreu e pelo menos sete outras pessoas ficaram feridas quando os mísseis atingiram a cidade de Pavlohrad, informou o governador local, Serhiy Lysak.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
por Lusa
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