SÃO PAULO/SP - Os líderes da China e da Rússia formalizaram na sexta (4) uma aliança que vinha ganhando corpo nos últimos anos contra as políticas ocidentais personificadas na agenda dos Estados Unidos, apontada como "abordagem ideologizada da Guerra Fria".
Assim, Xi Jinping e Vladimir Putin concordaram em um comunicado em denunciar a expansão da Otan (aliança militar ocidental) que está no cerne da grave crise em curso na Ucrânia e também os pactos militares americanos na região do Indo-Pacífico.
Esses são os exemplos mais vistosos, mas não únicos, do texto de 5.300 palavras em russo divulgado pelo Kremlin, do que ambos os líderes chamaram de "amizade sem limites" entre Pequim e Moscou. Algo "sem precedentes", na voz de Putin.
Vistosos por exemplificar os principais problemas estratégicos afetando, respectivamente, o maior país do mundo que formava o centro da União Soviética e a segunda maior economia do mundo, uma ditadura comunista adepta da economia de mercado.
"As partes se opõem a expansão adicional da Otan e pede para que a aliança abandone a abordagem ideologizada da Guerra Fria", diz o texto. Putin tem cerca de 130 mil homens mobilizados em torno das fronteiras ucranianas, um movimento que inicialmente parecia visar resolver o status do conflito no leste do país entre rebeldes pró-Rússia e Kiev.
A questão virou algo maior: a definição de uma paz europeia em termos aceitáveis para o Kremlin, o que não inclui a Ucrânia como parte da Otan e mesmo a presença de armas ofensivas em membros do Leste Europeu do clube. EUA e aliança rejeitaram o ultimato, e o impasse prossegue.
No entorno chinês, a Guerra Fria 2.0 movida em reação à maior assertividade de Xi já causou conflitos diversos com os EUA: guerra comercial e tarifária, disputa sobre a autonomia de Hong Kong, provocações nas rotas marinhas que Pequim considera suas e a ameaça da China de tomar Taiwan.
"As partes se opõem à formação de estruturas de blocos fechados e campos opostos na região da Ásia-Pacífico, e permanecem altamente vigilantes sobre o impacto negativo da estratégia americana no Indo-Pacífico para a estabilidade e paz na região", diz o texto.
No ano passado, o governo de Joe Biden formalizou um pacto militar com Austrália e Reino Unido e reavivou a aliança Quad (com australianos, japoneses e indianos) contra a China.
Se alguém tinha dúvida acerca do afinamento entre Xi e Putin, os líderes resolveram desenhar suas intenções. Elas incluem esforços conjuntos contra "revoluções coloridas", o nome genérico e de assimilação midiática fácil àquilo que Moscou chama de golpes para derrubar governos pró-Kremlin na antiga periferia soviética.
Elas ocorreram em locais como Ucrânia e Geórgia, e não acabaram bem de todo modo. A China acusa os EUA exatamente da mesma coisa ao patrocinar os movimentos pró-democracia de Hong Kong, que foram esmagados com mão de ferro após a revolta de 2019, e o governo taiwanês --na ilha que Xi chama de sua, incursões aéreas com aviões militares chineses são eventos semanais.
O encontro de Xi e Putin ocorreu antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim, evento que foi boicotado diplomaticamente pelo Ocidente. Pouco mais de 20 líderes participarão da abertura, mas o russo é a estrela.
Com isso, o governo fortemente autocrático russo e a ditadura chinesa dão as mãos oficialmente. Não há menção no documento a aspectos práticos já em curso, como a crescente cooperação militar entre as potências e os grandes projetos de energia.
Eles são a chave e também o limite da associação. Do ponto de vista militar, Rússia e China são rivais históricos, e seria surpreendente se chegassem a uma aliança formal, integral, como por exemplo a que existe entre Moscou e a ditadura de Belarus.
Economicamente, a deferência política de Xi a Putin embute o risco percebido em Moscou de que a Rússia pode se tornar uma província energética da China, ofertando gás natural barato por meio de um projeto de US$ 400 bilhões chamado Força da Sibéria --o segundo gasoduto da rede deve ser anunciado logo.
Para o russo, contudo, é uma saída única. Se a pressão americana sobre países como a Alemanha, que está adiando a abertura de um novo gasoduto a ligando diretamente à Rússia, ou uma ruptura devido a uma guerra na Ucrânia ocorrerem, o mercado europeu pode se fechar ao gás de Putin.
A China, cujo consumo anual do produto deve ultrapassar o de toda a Europa até o fim da década, pode oferecer uma linha vital para a sobrevivência desse pedaço central da economia russa, que de resto tem enfrentado bem as sanções ocidentais que se abatem sobre ela desde que Putin anexou a Crimeia, em 2014.
Naquele ano, um arremedo de "revolução colorida", mais violento e menos romântico que as versões dos anos 2000, derrubou o governo pró-Kremlin de Kiev. A anexação e o fomento à guerra civil no leste ucraniano foram as respostas imediatas de Moscou, que depois participou de um cessar-fogo frágil que agora Putin quer ver implementado como plano de paz.
O encontro de ambos foi altamente coreografado e, apesar de ambos os líderes serem conhecidos pelos cuidados extremos para não contrair Covid-19, não houve máscaras ou distanciamento. É a primeira reunião deles desde a pandemia, e a 38ª desde que Xi assumiu, em 2012 --Putin está no poder desde 9 de agosto de 1999, quando virou premiê pela primeira vez.
No texto divulgado, um trecho atribuído a Xi resume diversos discursos feitos pelo chinês nos últimos anos, no qual ele discorre sobre sua visão particular de democracia. "Estamos trabalhando juntos para trazer à vida o verdadeiro multilateralismo. Defendendo o real espírito da democracia serve como uma fundação confiável para unir o mundo nas próximas crises, e defendendo a igualdade".
A visão, contraditória a olhos ocidentais por ser feita pelo líder de uma ditadura, é compartilhada por Putin. Ambos denunciam a defesa de valores democráticos feita pelos EUA como hipócrita, já que há exemplos de sobra (Iraque, Afeganistão etc.) de que ela pode ser forçada por meios militares, gerando desastres.
A principal diferença entre ambos até aqui é a abordagem externa. Xi se vale de instrumentos econômicos, enquanto Putin não hesita em flexionar musculatura militar: nos últimos anos, suas tropas estiveram em guerras ou intervenções em locais como Geórgia, Ucrânia, Síria, Líbia, Azerbaijão e Cazaquistão. Moscou ainda tem um arsenal nuclear rival ao americano, enquanto a China prepara uma expansão no campo.
Do lado ocidental, o exemplo cotidiano da repressão nos dois rivais é suficiente para fazer a acusação de hipocrisia no sentido contrário. A Guerra Fria 2.0, o embate China-EUA que define geopoliticamente o século 21, parece ter acabado de ganhar um terceiro participante oficialmente, vindo da primeira encarnação do conflito.
IGOR GIELOW / FOLHA
EUA - O Chicago Bulls continua embalado! O time apostou na regularidade e venceu o Indiana Pacers por 122 a 115. A equipe de Indiana lutou até o fim para conseguir a virada. Já os Bulls lideraram pela maior parte da partida.
O jogo teve dois grandes pontuadores. Pelo lado dos Bulls, Nikola Vucevic dominou o garrafão com 36 pontos, 17 rebotes e 4 assistências, sendo sua melhor partida da temporada. Já em Indiana Caris LaVert chegou aos 42 na partida, o que equivale a 36% dos pontos da equipe.
Chicago venceu a fundamental batalha dos rebotes tendo 8 a mais que Indiana. Mas outra estatística chamou a atenção no time dos Pacers, a equipe teve 100% de aproveitamento nos lances livres.
No primeiro quarto os Bulls chegaram a fechar o período com 7 pontos de vantagem. A margem aberta pelo time de Chicago foi fundamental ao longo do jogo. Indiana até pontuou mais que os Bulls no segundo quarto, mas não conseguiu se igualar a equipe dos Bulls.
Apesar de uma partida disputada ponto a ponto, Chicago teve bastante vantagem, chegando a ficar 11 pontos na frente. A recuperação de Indiana veio no terceiro quarto, a equipe chegou a assumir a liderança na terceira etapa da partida. No entanto o time dos Bulls voltou a assumir vantagem no último quarto.
Indiana foi com tudo para o último quarto de partida chegando a deixar a vantagem dos Bulls em apenas quatro pontos. No entanto, o time dos Pacers não conseguiu vencer o jogo no fim.
O próximo compromisso de Chicago é no domingo contra o Philadelphia 76ers. Já os Pacers enfrentam, também no domingo, o Cleveland Cavaliers.
Outros resultados da noite:
Cleveland Cavaliers 102 x 101 Charlotte Hornets
Boston Celtics 102 x 93 Detroit Pistons
Por Redação do ge
EUA - A Ford anuncia nos Estados Unidos a criação de importante mecanismo pensado para resolver velho problema enfrentado por donos de picapes: a acomodação de objetos na caçamba. A novidade já teve seu registro solicitado junto ao Escritório de Patentes e Marcas Registradas do país (USPTO) e é descrita pela própria marca como "caçamba equipada com seções de piso magnético acionadas seletivamente".
O título do registro é autoexplicativo: a Ford quer magnetizar o piso da caçamba das picapes, de modo a torná-lo capaz de reter ou fixar objetos. A ideia é facilitar a acomodação de caixas de ferramenta, baldes, implementos ou quaisquer outros utensílios do tipo, que normalmente ficam soltos e acabam indo de um lado para o outro durante o transporte.
A ideia é inovadora especialmente por envolver o próprio piso da caçamba. Outras soluções semelhantes já foram apresentadas, mas sempre restritas à caixas ou dispositivos magnetizados e não à área de carga em si. No registro, a Ford diz que a patente inclui até seis pontos magnéticos na caçamba, que podem ser ligados ou desligados através de controles na cabine ou por meio de um aplicativo de smartphone.
A ideia também inclui solução semelhante para ser aplicada nos SUVs e vans da marca. Até onde sabemos, esta é a primeira vez que uma montadora realmente se interessa pelo uso de ímãs para retenção de carga em veículos. A ideia não é comum justamente pelo fato de os eletroímãs não serem exatamente amigáveis com outros recursos eletrônicos e mecânicos presentes nos carros. Para tornar a tecnologia viável, a Ford deve encontrar soluções de convívio pacífico entre os sistemas.
A patente por si só, vale lembrar, não garante que a tecnologia chegará ao mercado, mas desde já demonstra o interesse da marca no sistema. Caso saia do papel, o recurso poderá ser usado pela vasta linha de picapes da marca, composta por Maverick, Ranger, F-150, F-250 e etc.
Dyogo Fagundes / MOTOR1
EUA - A dívida nacional dos Estados Unidos ultrapassou US$ 30 trilhões pela primeira vez, refletindo o aumento dos empréstimos federais durante a pandemia de coronavírus. A dívida pública total era de US$ 30,01 trilhões em 31 de janeiro, segundo dados do Departamento do Tesouro divulgados nesta terça-feira, dia 1º. O número representa um aumento de quase US$ 7 trilhões em relação ao final de janeiro de 2020, pouco antes da pandemia.
A marca é superada em um momento de transição para a política fiscal e monetária dos EUA, que provavelmente terá implicações para a economia em geral. Muitos dos programas federais de ajuda à pandemia autorizados pelo Congresso expiraram, deixando os americanos com menos assistência financeira do que no início da pandemia.
Enquanto isso, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizou que em breve poderá começar a aumentar as taxas de juros de curto prazo da faixa atual (entre 0% e 0,25%), em um esforço para conter a inflação, que está em seu nível mais alto em quase quatro décadas. Fonte: Dow Jones Newswires.
Estadão Conteúdo
DUBAI - Israel está participando de um imenso exercício naval liderado pelos Estados Unidos no Oriente Médio, pela primeira vez ao lado de Arábia Saudita e Omã, dois países com os quais não tem relações diplomáticas apesar da normalização dos laços com alguns países do Golfo.
O Exercício Marítimo Internacional 2022 (IMX 22) inclui cerca de 60 países e acontece em meio a tensões intensificadas no Golfo após ataques de mísseis aos Emirados Árabes Unidos pelo movimento Houthi do Iêmen, alinhado ao Irã, incluindo um ataque frustrado que tinha como alvo uma base que hospedava forças norte-americanas.
Israel normalizou as relações com os Emirados Árabes e o Barein em 2020, por causa de temores compartilhados em relação ao Irã, e realizou pela primeira vez uma simulação naval com os dois países em novembro.
Mas essa é a primeira vez que Israel participou de um exercício IMX, e publicamente ao lado da Arábia Saudita, país com o qual não mantém relações diplomáticas.
Os vizinhos Kuweit e Catar, que também não possuem laços formais com Israel, não participaram do exercício, de acordo com informações da Marinha norte-americana.
O Barein hospeda a sede da Quinta Frota da Marinha dos EUA, assim como algumas das operações da Centcom, uma organização que reúne a coordenação militar norte-americana no Oriente Médio. Israel foi incluído na Centcom no ano passado.
Por Lisa Barrington / REUTERS
EUA - Whoopi Goldberg foi suspensa por duas semanas do programa “The View” após as recentes declarações dela sobre o Holocausto. O afastamento da atriz e apresentadora foi divulgado no Twitter oficial da emissora ABC.
“Com efeito imediato, estou suspendendo Whoopi Goldberg por duas semanas por seus comentários errados e ofensivos. Apesar de Whoopi ter se desculpado, eu pedi a ela para refletir e aprender sobre o impacto de seus comentários. Toda a organização ABC News se solidariza com nossos colegas, amigos, familiares e comunidades judeus”, dizia comunicado assinado por Kim Godwin, presidente da emissora.
Whoppi gerou polêmica ao dizer no programa The View que o genocídio nazista dos judeus envolveu ‘dois grupos de brancos’ e que o Holocausto ‘não foi sobre raça’. As críticas contra Whoppi vieram aos montes, já que Hitler expressava seu ódio aos judeus em termos raciais, e a atriz e apresentadora se desculpou.
“No programa de hoje, eu disse que o Holocausto ‘não foi sobre raça, mas sobre a desumanidade do homem em relação ao homem’. Eu deveria ter dito que foi sobre ambos”, escreveu ela em uma postagem no Twitter. “O povo judeu ao redor do mundo sempre teve meu apoio e isso nunca será dispensado. Sinto muito pela dor que causei”, completou.
EUA - A Rússia afirmou nesta segunda-feira (31) no Conselho de Segurança da ONU que os Estados Unidos querem "agitar a histeria", após ser acusada de querer aumentar a presença militar russa na fronteira com a Ucrânia.
A embaixadora de Washington na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse ao Conselho de Segurança que a Rússia irá reforçar suas tropas na fronteira bielorrusso-ucraniana nos próximos dias.
"Temos evidências de que a Rússia pretende reforçar sua presença com mais de 30.000 soldados perto da fronteira de Belarus com a Ucrânia, a menos de duas horas ao norte de Kiev já no início de fevereiro", acusou Thomas-Greenfield.
"Se a Rússia invadir a Ucrânia, nenhum de nós poderá dizer que não r e as consequências seriam horríveis."
Mas o embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, rejeitou as acusações, dizendo que os Estados Unidos estão criando "histeria" ao convocar a reunião do Conselho de Segurança para debater a situação da Ucrânia.
O diplomata assegurou que nenhuma autoridade russa ameaçou invadir a ex-república soviética e que os ucranianos sofreram "lavagem cerebral" com a "russofobia" do Ocidente.
Os Estados Unidos, segundo Nebenzya, "estão provocando tensões e retórica e causando uma escalada".
"As discussões sobre uma ameaça de guerra são provocativas em si mesmas. Eles estão praticamente pedindo por isso, eles querem que isso aconteça", concluiu Nebenzya.
- Avisos de Biden -
A Rússia recusa-se a ser considerada uma ameaça à Ucrânia, mas pede garantias de que Kiev não se juntará à aliança militar transatlântica da Otan e que os Estados Unidos não estabelecerão novas bases militares nos países da antiga órbita soviética.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, tem prevista uma nova reunião por telefone nesta terça-feira com seu homólogo russo, Sergei Lavrov, o mais recente de uma série de contatos diplomáticos entre Moscou, Washington e Bruxelas sobre a Ucrânia, dada a crescente preocupação dos europeus com a segurança do continente.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou nesta segunda-feira que a Rússia sofrerá forte retaliação se Moscou se retirar da via diplomática para a resolução do conflito.
"Continuamos vendo a diplomacia como o melhor caminho a seguir, mas como a Rússia segue acumulando forças em torno da Ucrânia, estamos preparados aconteça o que acontecer", afirmou Biden a repórteres na Casa Branca.
A Rússia tentou impedir a reunião do Conselho de Segurança, mas 10 dos 15 membros votaram a favor do encontro.
A maioria dos membros acredita que a presença de tropas russas na fronteira com a Ucrânia seja por si só uma ameaça.
"Esta é a maior (...) mobilização de tropas na Europa em décadas", disse a embaixadora. "E enquanto falamos, a Rússia segue enviando mais efetivos e armas" para reforçá-las.
O embaixador ucraniano na ONU, Sergiy Kyslytsya, pediu uma desescalada das tensões, no intuito de retomar as negociações sobre o conflito em território ucraniano com os secessionistas apoiados por Moscou na região leste de Donbas.
"Meu presidente reiterou recentemente que está pronto para se encontrar com seu colega russo", disse Kyslytsya ao Conselho de Segurança.
"Para a Ucrânia, a primeira prioridade hoje é alcançar um cessar-fogo sustentável e incondicional em Donbas."
- Ameaças do Reino Unido -
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também garantiu que a Rússia está reforçando sua presença militar na fronteira com a Ucrânia.
"Descrevemos os fatos e a realidade, que o acúmulo militar da Rússia não é explicável nem justificado", disse Stoltenberg ao The Washington Post.
"Portanto, cabe à Rússia explicar, diminuir a escalada. E que a Rússia se comprometa com um diálogo político sério com a Otan", completou.
Enquanto isso, o Reino Unido anunciou nesta segunda-feira um novo marco legal que permitirá reforçar as sanções contra Moscou em caso de ataque à Ucrânia.
"Será o regime de sanções mais duro contra a Rússia já colocado em prática", declarou a ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, no Parlamento.
Moscou acusou nesta segunda-feira as autoridades britânicas de preparar um "ataque aberto contra as empresas" russas, afirmando que "os anglo-saxões estão intensificando tremendamente as tensões no continente europeu".
Analistas alertam que eventuais sanções que afetem os bancos russos e as instituições financeiras não só repercutiriam na vida cotidiana dos russos, mas também teriam consequências nas grandes economias e não apenas nas europeias.
EUA - A Marinha americana corre contra o tempo para resgatar um de seus caças do fundo do oceano — antes dos chineses.
O avião F35-C, avaliado em US$ 100 milhões (R$ 540 milhões), caiu no Mar da China Meridional após o que a Marinha descreveu como um "acidente" ao decolar do porta-aviões USS Carl Vinson.
É o jato mais novo da Marinha americana e está repleto de equipamentos secretos.
Como está em águas internacionais, é tecnicamente um jogo justo. Quem chegar primeiro, ganha.
O prêmio? Todos os segredos por trás desta força de combate bastante cara e de ponta.
Sete marinheiros ficaram feridos quando o jato caiu na segunda-feira (24/1) e atingiu o convés do porta-aviões durante um exercício militar.
Agora a aeronave está no fundo do oceano, mas o que vai acontecer a seguir é um mistério. A Marinha não vai confirmar onde afundou, tampouco quanto tempo vai levar para recuperá-la.
A China reivindica quase todo o Mar da China Meridional e tem tomado cada vez mais medidas para fazer valer esta reivindicação nos últimos anos, se recusando a reconhecer uma decisão de um tribunal internacional de 2016 que diz não haver base legal.
Especialistas em segurança nacional afirmam que os militares chineses estariam "bastante interessados" em chegar ao caça, e um navio de resgate dos EUA parece estar a pelo menos 10 dias de distância do local do acidente.
É tarde demais, diz a consultora de defesa Abi Austen, porque a bateria da caixa preta vai acabar antes disso, dificultando a localização da aeronave.
"É de vital importância que os EUA peguem (o caça) de volta", diz ela.
"O F-35 é basicamente como um computador que voa. Foi projetado para conectar outros meios — o que a Força Aérea chama de 'ligar sensores a atiradores'."
Segundo ela, a China não tem essa tecnologia, então colocar as mãos nela seria um grande salto.
"Se eles conseguirem entrar nos recursos de rede do 35, isso compromete efetivamente toda a filosofia da operação."
Questionada se havia ecos da Guerra Fria nisso tudo, ela responde:
"Tudo se resume a quem é o maior cachorro do parque! É basicamente uma mistura de A Caçada ao Outubro Vermelho com O Segredo do Abismo — é uma peça brilhante de três atos."
O que há de tão especial no F-35C?
- Um sistema de missão de rede que permite o compartilhamento em tempo real das informações coletadas durante o voo;
- É a primeira aeronave baseada em porta-aviões da Marinha americana com baixa visibilidade ao radar, que permite operar sem ser detectada no espaço aéreo inimigo;
- Asas maiores e trem de pouso mais robusto o tornam adequado para "lançamentos por catapulta" a partir de porta-aviões no mar;
- Tem o motor de caça mais potente do mundo e pode atingir velocidades de até 1.200 mph ou Mach 1,6;
- Pode transportar até dois mísseis em suas asas e quatro em seu interior.
Austen, ex-conselheira do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA e ex-diplomata da Otan e da União Europeia, disse acreditar que qualquer tentativa da China de reivindicar direitos de resgate foi um "teste de estresse" nos EUA.
Ela acredita que isso acontece em um momento vulnerável e perigoso, após o que alguns consideraram uma retirada desorganizada e desastrosa do Afeganistão.
Não há dúvidas de que a China quer este avião, embora a espionagem cibernética possa significar que o país asiático já têm algum conhecimento de seu interior, layout e funcionamento, diz Bryce Barros, analista de assuntos da China e membro de segurança do Truman Project.
"Acho que eles gostariam de ver partes reais do avião, para entender melhor como está disposto e encontrar suas vulnerabilidades".
A Marinha americana reconheceu em comunicado que uma operação de resgate estava em andamento após o "acidente" a bordo do USS Carl Vinson.
Como funcionaria então esta operação para recuperar a aeronave?
Uma equipe do Supervisor de Resgate e Mergulho da Marinha dos EUA prenderia bolsas à fuselagem do jato, que seriam infladas lentamente para levantar os destroços.
Esta operação será mais difícil se a estrutura da aeronave não estiver em grande parte inteira.
O caça provavelmente estava armado com pelo menos dois mísseis transportados em suas asas ou no compartimento interno, o que também poderia complicar o resgate.
Há precedentes para estes jogos militares de gato e rato em que o vencedor leva tudo.
Em 1974, no auge da Guerra Fria, a CIA (agência de inteligência americana) retirou secretamente um submarino russo do fundo do mar na costa do Havaí usando uma garra mecânica gigante.
Dois anos antes, militares chineses resgataram secretamente o submarino britânico HMS Poseidon, que afundou na costa leste da China.
E acredita-se amplamente que a China colocou as mãos nos destroços de um helicóptero "stealth" (de baixa visibilidade ao radar) dos EUA que caiu no ataque ao complexo de Osama bin Laden em 2011.
"Temos certeza que os militares chineses viram o equipamento e o software a bordo naquele momento", diz Barros.
A operação de resgate mais bem-sucedida do Livro Guinness dos Recordes foi o levantamento dos destroços de uma aeronave de transporte da Marinha americana do fundo do Mar das Filipinas em maio de 2019.
Estava a cerca de 5.638 m abaixo da superfície.
Uma outra opção, é claro, é destruir o caça para impedir que caia nas mãos de Pequim.
"A coisa mais fácil a fazer seria torpedear!", afirmou um oficial militar.
Mas não parece ser um caminho que esteja sendo levado em consideração.
SÃO PAULO/SP - O jogo diplomático em torno da grave crise de segurança no Leste Europeu ganhou novos matizes na sexta (28), com os Estados Unidos elevando o alarme acerca do risco de uma invasão russa da Ucrânia e ironizando o tom menos agressivo adotado pelo país de Vladimir Putin.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse que "embora nós não acreditemos que o presidente Putin tinha tomado uma decisão final de usar suas forças contra a Ucrânia, ele claramente tem agora essa capacidade".
Já o chefe do Estado-Maior da Forças Armadas americanas, Mike Milley, disse que a movimentação militar russa em torno da Ucrânia é a maior desde a Guerra Fria, o que parece um exagero dados exercícios anteriores de Moscou. Uma guerra, disse, seria "horrível", sobre o que há pouca dúvida.
Para dar mais dramaticidade, a Casa Branca fez vazar a repórteres um relato de inteligência segundo o qual o Kremlin já despachou até estoques de sangue para tratar de feridos em hospitais de campanha montados em seu território. Não há confirmação disso.
Horas após as declarações, o presidente Joe Biden disse que vai transferir tropas americanas para o Leste Europeu "no curto prazo". O democrata já havia informado, no início da semana, que cerca de 8.500 soldados estavam em prontidão para envio imediato à Europa.
Mais cedo, numa pouco usual entrevista online, na qual usou termos francos para falar da crise, o embaixador americano em Moscou, John Sullivan, afirmou que, "se eu coloco uma arma na mesa e digo que venho em paz, isso é ameaçador, e é isso que nós vemos agora".
Ele se refere ao envio de um contingente de 100 mil a 175 mil soldados russos, além de equipamentos, às fronteiras ucranianas para pressionar o Ocidente a aceitar um pacto de estabilidade no Leste Europeu.
Antes, o chanceler russo, Serguei Lavrov, havia repetido que seu país não pretende invadir a Ucrânia, como dizem Kiev e os membros da Otan, a aliança militar de 30 países liderada pelos EUA, apesar de as opções militares terem sido explicitadas. "No que depender da Rússia, não haverá guerra. Nós não queremos uma guerra. Mas não iremos permitir que [o Ocidente] ignore rudemente e pise nos nossos interesses", completou, ao falar com rádios russas.
Seu tom foi seguido por Aleksandr Lukachenko, ditador da Belarus, que recebeu apoio de Putin para esmagar a oposição contrária a mais uma eleição roubada no país, em 2020.
Tropas russas estão na Belarus em manobras militares que em conjunto com outras na Crimeia anexada em 2014 e em regiões a leste da Ucrânia permitem em tese ataques coordenados por três frentes contra o regime de Kiev. "Guerra é uma coisa ruim e terrível. Não haverá vitória numa guerra, todos iremos perder, por isso nós não queremos guerras, já tivemos demais", afirmou Lukachenko em Minsk. Ele comparou a situação com 1941, quando os nazistas invadiram a União Soviética, da qual tanto a Belarus quanto a Ucrânia faziam parte.
"Hoje, a vida é totalmente diferente do que era em 1941. As pessoas eram mais simples, tinham uma vida mais simples e não confortável como a nossa hoje. Deus proíba o início de uma guerra, porque uma das primeiras coisas que teremos de fazer será deixar nossa vida confortável para trás e enfrentar a dureza da guerra. Quem quer isso? Ninguém."
Sullivan, por sua vez, afirmou que os EUA esperam um retorno do Kremlin em relação à resposta formal dada pelo governo de Joe Biden às demandas russas para estabilizar a situação.
Putin quer que a Otan volte a seu formato de 1997, anterior ao início de sua expansão a leste, que aproximou tropas e armas das fronteiras russas. Historicamente, o centro-norte europeu é a avenida pela qual exércitos invadiram a Rússia suecos no século 18, franceses no 19, alemães duas vezes no 20.
Além disso, há o componente político, já que o Kremlin vê risco de agitação interna se países antes aliados se tornarem democracias ocidentais. Por isso, mantém a firme aliança com a Belarus e, em 2014, interveio para evitar que o golpe contra o governo pró-Moscou em Kiev tornasse o país parte da Otan.
Deu certo até aqui. A Crimeia foi anexada, e o leste do país, o Donbass, virou um protetorado de separatistas russos étnicos. Uma solução para a questão pendente está no plano russo.
Putin ainda pediu que a Ucrânia nunca faça parte da Otan. As demandas foram recusadas pelos EUA e também pela aliança, como seria previsível, mas há pontos em que pode haver avanços: controle de armas nucleares e mecanismos de monitoramento mútuo de exercícios militares.
A partir daí, é possível que haja acordos menos públicos envolvendo a reabertura de negociações sobre o status do Donbass, o que a Ucrânia já iniciou nesta semana em reunião com Rússia, Alemanha e França, que deixe subentendido que a admissão na Otan será inviável.
Na sexta, Putin falou sobre o tema por telefone com o presidente francês, Emmanuel Macron, que busca algum protagonismo no imbróglio ele tentará a reeleição em abril. Na ligação, o russo reforçou que as respostas dos EUA e da Otan não abordaram as principais preocupações de Moscou e que estudaria com atenção as propostas e depois decidiria sobre novas ações.
O líder do Kremlin também falará com o chinês Xi Jinping na semana que vem, durante a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim. Boicotada diplomaticamente pelo Ocidente, a competição terá basicamente Putin como estrela estrangeira nas tribunas. Desde novembro, Xi vem reiterando seu apoio à Rússia na disputa da Ucrânia, exortando os países a cooperarem militar e politicamente.
Na frente europeia, a pressionada Alemanha, vista como ambígua na crise por depender do gás natural russo, negocia a ampliação de seu contingente na base multinacional da Otan que comanda em Rukla, na Lituânia. O país também recebeu nesta sexta quatro caças F-16 adicionais da Força Aérea da Dinamarca sem Aeronáutica própria, as ex-repúblicas soviéticas do Báltico dependem de proteção dos aliados.
Já o Reino Unido, com o premiê Boris Johnson envolto em uma grave crise doméstica, tenta assumir protagonismo no assunto. O escritório de Boris disse, em comunicado divulgado nesta sexta, que ele viajará à região da Ucrânia, sem, no entanto, especificar qual o destino da viagem e quando ela acontecerá.
Uma porta-voz do premiê disse que ele instará Vladimir Putin a "voltar atrás" em sua suposta intenção de invadir a Ucrânia a fim de "evitar um banho de sangue" durante a próxima conversa por telefone entre os dois líderes, cuja data também não foi divulgada. A chanceler britânica, Liz Truss, deve viajar para a Rússia nas próximas duas semanas para conversar com seu homólogo Sergei Lavrov.
Em mais uma frente de desgaste na relação entre os dois países, os EUA pediram que o Conselho de Segurança da ONU se reúna na próxima segunda (31) para discutir o que chamam de "comportamento ameaçador" da Rússia no entorno ucraniano. A diplomacia russa prontamente sinalizou que trabalha para convocar uma votação que impeça a reunião do colegiado.
O vice-embaixador russo na ONU, Dmitri Polianski, disse que isso seria uma espécie de golpe de relações públicas. "Não me lembro de outra ocasião em que um membro do Conselho de Segurança propôs discutir suas próprias alegações e suposições infundadas como ameaça à ordem internacional", afirmou ele.
Para a Ucrânia, uma das consequências sentidas em meio ao imbróglio está na área econômica. Antevendo o prejuízo, o presidente Volodimir Zelenski disse nesta sexta que uma nova escalada na tensão não pode ser descartada, mas criticou o que descreveu como "pânico" em torno do assunto.
"Não considero a situação agora mais tensa do que antes. Há um sentimento internacional de que há guerra aqui, mas não é o caso."
IGOR GIELOW / FOLHA
COREIA DO NORTE - A Coreia do Norte disparou o que pareciam ser dois mísseis balísticos na quinta-feira (27), atraindo críticas dos Estados Unidos (EUA) à sexta rodada de testes neste mês.
A série é uma das maiores já lançadas em um mês, segundo analistas, e o país começa 2022 com forte demonstração de novos armamentos operacionais.
O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS) disse que detectou o lançamento, do que presumiu serem dois mísseis balísticos, por volta das 8h (horário local), a partir da região de Hamhung, na costa leste da Coreia do Norte. Os projéteis viajaram por cerca de 190 quilômetros (km) até uma altitude de 20 km, acrescentou o JCS.
Neste mês, país anunciou que iria intensificar defesas contra os EUA e avaliar a retomada de "todas as atividades que haviam sido temporariamente suspensas". O comentário, aparentemente, refere-se à moratória autoimposta de testes de armas nucleares e mísseis de longo alcance.
O lançamento ocorreu após a Coreia do Norte disparar dois mísseis de cruzeiro no mar, a partir da costa leste, na terça-feira (25), aumentando a tensão causada pelos testes.
No início do mês, o país lançou mísseis táticos guiados, dois "mísseis hipersônicos" capazes de serem manobrados e de atingir altas velocidades, além de sistema ferroviário de lançamento de mísseis.
"O regime de Kim Jong-un está desenvolvendo diversidade de armas ofensivas, apesar dos recursos limitados e dos desafios econômicos", disse Leif-Eric Easley, professor de Assuntos Internacionais da Universidade Ewha em Seul.
Alguns testes buscam desenvolver novas capacidades, especialmente de evasão das defesas de mísseis, outros tentam demonstrar prontidão e versatilidade dos equipamentos que a Coreia do Norte já mostrou, acrescentou.
"Alguns observadores sugeriram que os lançamentos frequentes do regime de Kim representam pedido de atenção, mas Pyongyang está correndo muito no que considera corrida armamentista contra Seul", disse Easley.
Em discurso na Conferência do Desarmamento da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira, o embaixador da Coreia do Norte na ONU, Han Tae Song, acusou os EUA de promoverem centenas de "exercícios conjuntos de guerra", e enviar equipamentos militares ofensivos de alta tecnologia para a Coreia do Sul, além de armas nucleares estratégicas para a região.
"Isso está ameaçando seriamente a segurança do nosso Estado", observou Han.
Porta-voz do Departamento de Estado dos EUA condenou os lançamentos como violação de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU e ameaça aos vizinhos da Coreia do Norte e à comunidade internacional.
Os Estados Unidos continuam comprometidos com a abordagem diplomática e pedem que a Coreia do Norte participe do diálogo, disse o porta-voz.
Por Josh Smith - Repórter da Reuters
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