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EUA - A Honda Motor anunciou nesta sexta-feira que está implementando um aumento salarial de 11% para os trabalhadores de produção em suas instalações nos Estados Unidos a partir de janeiro, dias após o sindicato norte-americano United Auto Workers (UAW) e as três grandes montadoras de Detroit concordarem com novos contratos.

A empresa também afirmou que reduzirá o tempo necessário para que um trabalhador alcance o patamar salarial máximo de seis para três anos, confirmando reportagem anterior do Wall Street Journal.

Fabricantes de automóveis não sindicalizados, como a Honda, estão sob pressão para melhorar salários e benefícios, após contratos recordes firmados pelo sindicato com as três grandes montadoras de Detroit.

A Honda, que começou a fabricar nos Estados Unidos em 1979, atualmente possui 12 fábricas no país, que produzem cinco milhões de produtos anualmente. A montadora japonesa emprega mais de 23 mil funcionários nos EUA.

O aumento salarial da Honda ocorre após a Toyota afirmar na semana passada que estava aumentando os salários de seus trabalhadores de fábricas não sindicalizados nos EUA.

A General Motors, a Ford Motor e a Stellantis concordaram em aumentar os salários-base dos funcionários em 25% e em restaurar o subsídio de custo de vida em acordos com o UAW.

A Honda havia dito à Reuters que estava avaliando os recentes acordos do UAW com as três grandes montadoras de Detroit e que permaneceria competitiva.

 

 

Reportagem de Jasper Ward / REUTERS

EUA - Menos de dois meses depois de evitar um "fechamento" de seus serviços públicos por falta de uma nova lei de orçamento, os Estados Unidos se aproximam mais uma vez de um impasse: o Congresso tem uma semana para alcançar um acordo e evitar a paralisia da administração federal.

Nenhuma das casas do Congresso - nem o Senado controlado pelos democratas, nem a Câmara dos Representantes, nas mãos dos republicanos - conseguiu aprovar uma lei orçamentária. A atual expira na noite da próxima sexta-feira, 17 de novembro.

Sem um acordo, a maior economia do mundo verá 1,5 milhão de funcionários públicos em desemprego técnico por não pagamento de salários, o tráfego aéreo será interrompido, e os parques nacionais estarão fechados para visitantes.

O fantasma de um "shutdown", como é conhecida essa paralisia orçamentária nos Estados Unidos, está novamente à espreita.

 

- Custo político -

Os legisladores não querem, em geral, que essa situação extremamente impopular aconteça. As últimas negociações sobre o assunto, no final de setembro, geraram um caos no Congresso.

Os legisladores partidários do ex-presidente Donald Trump, furiosos porque o então presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, chegou a um acordo de última hora com os democratas para evitar a paralisação, destituíram-no. Foi a primeira vez na história do Legislativo americano que isso aconteceu.

Demorou três semanas para que os republicanos definissem um novo presidente na Casa. Nesse período, o Congresso não conseguiu aprovar nenhuma lei, e então ocorreu outra paralisia, desta vez legislativa.

O novo presidente da Câmara, Mike Johnson, desconhecido do público, tem pouca experiência nos altos escalões republicanos e tenta se adaptar ao cargo. Ainda não se pronuncia sobre os passos que pretende dar, caso busque evitar o fechamento dos serviços públicos que possa afetar a população.

Terá de negociar com um grupo de partidários de Trump, adeptos da ortodoxia fiscal, ou seja, muito rigorosos em matéria de gastos; e também com os democratas, que rejeitam que a política de gastos públicos do país seja ditada por apoiadores do ex-presidente que pretende voltar à Casa Branca.

"A única forma de evitar uma paralisia orçamentária é cooperar entre os dois partidos", disse o veterano líder democrata no Senado, Chuck Schumer, que pediu aos republicanos que "tirem as lições do fiasco de um mês atrás".

É comum que esse problema seja resolvido na última hora. Mas as divisões no Congresso são tamanhas que as negociações se tornam amargas rapidamente. A paralisia no orçamento mais longa de que se tem notícia nos Estados Unidos foi em 2018, durante a administração Trump.

 

 

AFP

EUA - Na contramão das críticas que Joe Biden tem sofrido de alas de seu partido, pré-candidatos republicanos à Presidência afirmam que o democrata não tem feito o suficiente para apoiar Israel na guerra contra o Hamas, e prometem apoio total a Tel Aviv se forem eleitos.

A política externa, sobretudo o conflito no Oriente Médio, dominaram o terceiro debate das primárias do partido, realizado na quarta (8) em Miami, na Flórida. O líder nas pesquisas de intenção de voto de republicanos, Donald Trump, mais uma vez não participou.

"Termine o trabalho", "acabe com eles" e "execute esses terroristas" é o que Ron DeSantis, Nikki Haley e Vivek Ramaswamy, respectivamente, diriam ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, neste momento.

Tim Scott defendeu um ataque direto pelos EUA ao Irã, para "matar a cabeça da cobra", enquanto Chris Christie apontou uma falha na inteligência israelense e americana, que não identificaram com antecedência o ataque preparado pelo grupo terrorista.

Haley, que foi embaixadora americana nas Nações Unidas durante o governo Trump, afirmou ser contra pausas ou um cessar-fogo -maneiras de suspender o conflito defendidas por vários países, incluindo o Brasil, diante do número de mortes de civis em Gaza e da tragédia humanitária na região.

Se no debate anterior o alvo preferencial foi Trump, no desta quarta Biden voltou para a mira por sua reação à crise no Oriente Médio. Sem mencionar a idade do presidente -seu principal ponto fraco diante do eleitorado-, os pré-candidatos buscaram associá-lo a uma imagem de fraqueza e hesitação diante do Irã.

Mais que o Hamas, o principal inimigo identificado pelos debatedores foi o país persa, contra quem a Casa Branca deveria ter uma postura mais dura, na visão dos republicanos.

A reação doméstica de Biden também entrou na mira. DeSantis, Scott e Halley criticaram o democrata por não reagir de maneira mais dura contra protestos em universidades americanas, classificados por eles como antissemitas.

Scott chegou a afirmar que, se fosse presidente, cortaria o financiamento federal a essas instituições e revogaria o visto de estudantes estrangeiros que participassem dessas manifestações.

DeSantis criticou ainda a iniciativa lançada pelo presidente para combater a islamofobia, após uma criança de origem palestina ser assassinada em Illinois, e disse que o Departamento de Justiça deveria ser acionado para investigar os estudantes por violação de direitos civis.

O conflito no Oriente Médio serviu ainda para reforçar a bandeira republicana de maior controle na fronteira sul dos EUA -Scott argumentou que terroristas do Iêmen e da Síria usariam esse acesso para entrar no país.

DeSantis prometeu não só encerrar a construção do muro, como cumprir a promessa de campanha feita por Trump de fazer o México pagar pela obra. Para viabilizar essa cobrança, o governador da Flórida prometeu instituir taxas sobre as remessas de trabalhadores estrangeiros nos EUA para o seu país de origem.

O consenso sobre o apoio a Israel não se traduziu em uma união sobre o que fazer com a Ucrânia. Assim como o resto do partido, os pré-candidatos se dividem entre aqueles que defendem ser do interesse americano financiar e armar Kiev contra a Rússia, e aqueles que consideram o investimento um desperdício de recursos.

O empresário Vivek Ramaswamy, já conhecido por emular mais de perto a retórica polemista de Trump, foi mais longe na noite desta quarta e atacou diretamente o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, associando-o ao nazismo -Zelenski é judeu.

"A Ucrânia não é um exemplo de democracia. Eles celebraram um nazista em suas fileiras", disse Vivek, sem especificar quem seria essa pessoa. Em seguida, ele se referiu a Zelenski como "um comediante em calças cargo".

Conhecido pela retórica agressiva, fazendo as vezes de Trump na ausência do ex-presidente, o empresário de origem indiana ainda protagonizou um dos embates mais tensos da noite, com Haley.

Ambos têm entrando em choque desde o primeiro debate, mas nesta quarta a altercação chegou a ponto de a ex-embaixadora chamar Vivek de "escória", após ele dizer que a filha de Haley usa TikTok em meio a uma discussão sobre a ameaça representada pelo app chinês. Ele também chamou a concorrente de "Dick Cheney de salto".

Foi uma noite boa para Haley e DeSantis, e ruim para Vivek, que havia despontado como um destaque após o primeiro debate, em que ele finalmente conseguiu uma vitrine nacional. Nesta quarta, porém, sua performance foi mais nervosa do que incisiva, e nem os jornalistas que moderaram o debate foram poupados.

"Tucker Carlson, Joe Rogan e Elon Musk deveriam moderar esse debate", disse, defendendo que teria muito mais audiência.

Crítico mais duro de Trump, Christie praticamente desapareceu no palco, enquanto Scott manteve um desempenho mediano.

O direito ao aborto, que vem se mostrando a maior pedra no sapato de republicanos, como reforçado pelas derrotas sofridas pelo partido em eleições estaduais nesta terça (7), foi abordado apenas no final do debate. Não houve mudanças em relação ao evento anterior com Haley propondo algum consenso com democratas, e Scott defendendo um limite de 15 semanas para autorização do procedimento.

A estratégia republicana de atenuar o discurso em torno de uma limitação de tempo para a interrupção da gravidez, em vez de seu banimento, no entanto, já se mostrou fracassada em Ohio e na Virgínia.

 

 

FOLHAPRESS

EUA - A um ano das eleições presidenciais americanas, democratas e republicanos tiveram uma chance de testar suas estratégias nacionais na terça (7) em Ohio, Virgínia, Kentucky e Mississippi -e os resultados são uma boa notícia para o partido de Joe Biden.

No principal laboratório, em Ohio, os eleitores aprovaram a inclusão de uma emenda garantindo o direito ao aborto na Constituição estadual.

O texto proposto afirma o "direito individual ao seu próprio tratamento médico reprodutivo, incluindo mas não limitado ao aborto".

Na prática, a alteração garante também que médicos não sejam penalizados por realizar o procedimento, e delega a eles uma decisão caso a caso sobre até que momento ele pode ser realizado -definido como aquele de viabilidade do feto, em torno de 22 a 24 semanas de gestação.

Com quase 100% das urnas apuradas, o resultado é 56,1% favoráveis à emenda e 43,9% contrários.

Uma segunda votação em Ohio, sobre a liberação da maconha para uso recreativo, também foi aprovada pelos eleitores. Nesse caso, o placar até o momento é de 56,6% de apoio e 43,4% contrários.

Ambas as emendas entram em vigência 30 dias após a aprovação. Para serem aprovadas, elas precisam do apoio de 50% + 1 dos eleitores que compareceram às urnas.

A proposta de inclusão da previsão sobre aborto na Constituição do estado foi apresentada em fevereiro por um grupo da sociedade civil, que conseguiu obter 496 mil assinaturas válidas para levar a questão às urnas.

Republicanos chegaram a tentar dificultar a proposta e aprovação de emendas em um plebiscito realizado em agosto, mas foram derrotados.

O resultado mostra que o direito ao aborto continua impulsionando eleitores de viés democrata a irem às urnas, como aconteceu nas eleições de meio de mandato do ano passado. A vitória é especialmente significativa em Ohio, um estado que tem pendido para os republicanos -Trump venceu nele em 2020 com 53,3% dos votos.

"No voto mais explicitamente voltado para uma única questão desta noite, democratas conseguiram uma enorme vitória", disse a presidente do Comitê de Campanha Legislativo do partido, Heather Williams.

Segundo pesquisa de boca de urna encomendada pelo consórcio ABC News, CBS News, CNN e NBC News, 92% dos democratas votaram pela inclusão da emenda, 64% dos independentes e 18% dos republicanos. A medida também recebeu maior apoio proporcionalmente de mulheres, jovens, negros e pessoas com diploma universitário.

Para os republicanos, vindos de uma sequência de seis derrotas em plebiscitos estaduais sobre a interrupção da gravidez, a votação era um teste se uma modulação do discurso conservador poderia ser efetiva para estancar a sangria.

Historicamente, o debate sobre a interrupção da gravidez nos EUA é formulado em termos de defesa do direito da mulher, campo conhecido como "pro-choice" (pró-escolha), e os contrários ao procedimento, que se definem como "pro-life" (pró-vida).

No entanto, desde que a Suprema Corte mudou seu entendimento sobre o aborto, revogando na prática a garantia desse direito ao delegar aos estados legislarem sobre o tema, democratas aproveitaram para reformular os termos da discussão como uma defesa acima de tudo do direito à liberdade individual.

A estratégia tem sido bem-sucedida até agora. Propostas para banir ou limitar o procedimento na Constituição estadual foram derrotadas no Kansas, em Kentucky e em Montana, enquanto Califórnia, Michigan e Vermont aprovaram adendos garantindo o direito.

Em reação, republicanos recalibraram sua posição. Em Ohio, a campanha contra a emenda buscou vincular o aborto a um tema que vem ganhando projeção nacional: o controle dos pais sobre decisões relacionadas a gênero e sexualidade de seus filhos menores de idade, como tratamentos hormonais.

A ideia, em linhas gerais, é que a aprovação da emenda sobre o aborto permitira no limite que menores de idade passassem pelo procedimento sem conhecimento dos pais -o que o texto não estabelece.

Em mais uma tentativa de atrair o eleitor, os republicanos também têm moderado o discurso para a defesa de uma limitação do período em que o procedimento é permitido, em vez do banimento.

Na semana passada, o governador de Ohio, o republicano Mike DeWine, afirmou que poderia buscar uma proposta determinando um limite de autorização do aborto maior que seis semanas -que, segundo especialistas, na prática inviabiliza o procedimento.

Esse prazo é o estabelecido em uma lei estadual que entrou automaticamente em vigor quando a Suprema Corte alterou seu entendimento no ano passado. A limitação, no entanto, vigorou por pouco tempo, porque foi questionada na Justiça estadual. Atualmente, o prazo para o procedimento no estado é até a 22ª semana de gestação.

Um teste semelhante foi conduzido na Virgínia, onde o governador republicano Glenn Youngkin vem defendendo um limite de 15 semanas -atualmente, esse prazo é de 26 semanas, o que é criticado como extremo por conservadores.

O direito ao aborto em si não foi analisado como em Ohio, mas foi o pano de fundo da campanha para o Legislativo estadual vista como um termômetro para o pleito do ano que vem. E, mais uma vez, o resultado foi um alívio para os democratas: o partido conseguiu manter a maioria no Senado e voltar a dominar a Câmara.

Caso os republicanos conquistassem o Senado, a expectativa era que uma limitação do procedimento fosse aprovada, alinhando finalmente o estado ao que vem sendo a prática no sul americano. Youngkin investiu pesadamente na campanha, e sua derrota não só frustra a agenda conservadora no estado, como também suas ambições políticas de se lançar na corrida pela Presidência.

Em conjunto, as votações em Ohio e na Virgínia nesta terça são um alívio para os democratas, após uma semana de notícias ruins. No domingo, uma pesquisa encomendada pelo New York Times mostrou Donald Trump à frente de Joe Biden em estados-chave, gerando um clima de alarme no partido.

Em Kentucky e no Mississippi, ambos estados de eleitorado conservador, as atenções estavam voltadas para o cargo de governador. No primeiro, o democrata Andy Beshear conseguiu se reeleger, mantendo sua posição de estranho no ninho na região, enquanto no segundo, Brandon Presley, primo de segundo grau do astro do rock, tentou derrotar sem sucesso o republicano Tate Reeves.

A vitória de Beshear é dúbia para os democratas, porém. Buscando ganhar um eleitorado conservador, o democrata evitou se associar a Biden durante a campanha. Ao mesmo tempo, ele deixou clara suas posições contra as restrições ao aborto no estado.

 

 

POR FOLHAPRESS

EUA - Ao sobrevoar um asteroide situado entre as órbitas de Marte e Júpiter a espaçonave Lucy, da Nasa (a agência espacial norte-americana), descobriu que na verdade eram dois: um de 790 metros e outro de 220 metros em seus trechos mais largos. É o que se chama de par binário.

A missão espacial de Lucy é sobrevoar e colher informações sobre sete asteroides selecionados pela Nasa. O primeiro deles, chamado Dinkinesh, fica em um cinturão de asteroides situado entre as órbitas de Marte e Júpiter.

Quando foi descoberto, em 1999, recebeu o nome provisório de 1999 VD57. Quando sua órbita foi determinada com precisão, ele recebeu o número 152830, mas continuou sem nome oficial. Em janeiro deste ano, quando a equipe da missão Lucy decidiu enviar a sonda homônima para visitar esta rocha espacial, propôs um nome para ela. Dinkinesh significa “maravilhoso” na língua da Etiópia.

O asteroide foi o primeiro visitado pela sonda Lucy durante essa missão, e o principal objetivo da aproximação era testar os sistemas da espaçonave antes de ela iniciar sua atividade científica principal: estudar os misteriosos asteroides troianos de Júpiter, considerados “fósseis” do sistema solar. Mas, acabou havendo uma surpresa.

Semanas antes da chegada da sonda a Dinkinesh, os cientistas da Nasa levantaram a hipótese de o asteroide ser um sistema binário, dada a forma como os instrumentos de Lucy registravam o brilho do asteroide mudando com o tempo. As primeiras imagens do encontro na quarta-feira, 1º, tiraram a dúvida: Dinkinesh é um binário.

“É uma série incrível de imagens. Eles indicam que o sistema de rastreamento funcionou como pretendido, mesmo quando o universo nos apresentou um alvo mais difícil do que esperávamos”, disse Tom Kennedy, engenheiro de orientação e navegação e um dos responsáveis por acompanhar a missão. “Uma coisa é simular, testar e praticar. Outra coisa é ver isso realmente acontecer.”

Embora a aproximação tenha sido inicialmente um teste de engenharia, os cientistas estão entusiasmados para analisar os dados e obter mais informações sobre a natureza dos pequenos asteroides.

“Sabíamos que este seria o menor asteroide do cinturão principal já visto de perto”, disse Keith Noll, cientista do projeto Lucy do Goddard Space Flight Center da Nasa em Greenbelt, nos EUA. “O fato de serem dois torna tudo ainda mais emocionante. Em alguns aspectos, estes asteroides parecem semelhantes aos asteroides binários Didymos e Dimorphos próximos da Terra, mas existem algumas diferenças realmente interessantes que iremos investigar.”

O próximo asteroide a ser analisado é Donaldjohanson, ao qual a sonda Lucy chegará só em 2025. Depois ela vai analisar os asteroides de Júpiter, em 2027.

 

 

por Fabio Grellet / ESTADÃO

SEUL - Os EUA, a Coreia do Sul e o Japão concordaram em lançar um grupo consultivo de alto nível para combater as atividades cibernéticas da Coreia do Norte, informou na segunda-feira o gabinete presidencial sul-coreano.

Os três países trabalharão em conjunto para responder ao que dizem ser as iniciativas norte-coreanas para recolher financiamento de seus programas de armas através de criptomoedas.

"O objetivo é reforçar as capacidades de resposta efetiva dos três países contra as ameaças cibernéticas globais, incluindo o combate conjunto às atividades cibernéticas da Coreia do Norte, que são consideradas uma fonte importante de financiamento de seus programas nucleares e de armas de destruição em massa", disse o gabinete em um comunicado, citado nesta segunda-feira pela agência inglesa de notícias Reuters.

Ataques cibernéticos

Os monitores de sanções acusam Pyongyang de usar ataques cibernéticos de forma a recolher fundos para seus programas nucleares e de mísseis, com um relatório da ONU dizendo que a Coreia do Norte intensificou seu roubo de criptomoedas no ano passado, usando técnicas sofisticadas para roubar mais em 2022 do que em qualquer outro ano.

Anne Neuberger, vice-assessora de segurança nacional dos EUA para tecnologias cibernéticas e emergentes, participou na semana anterior de conversações com seus colegas sul-coreanos e japoneses em Washington, EUA. Eles concordaram em realizar reuniões trimestrais sob a nova estrutura, disse o gabinete presidencial da Coreia do Sul.

O anúncio acontece depois que os líderes dos três países concordaram, em uma cúpula em agosto em Camp David, nos EUA, que estabeleceriam um grupo de trabalho trilateral para as ameaças cibernéticas da Coreia do Norte.

A Coreia do Norte nega as alegações de hackear ou de realizar outros ataques cibernéticos.

 

 

Por Redação, com Sputnik - de Seul

CORREIO DO BRASIL

EUA - O Fundo para Aposentadoria dos Servidores Públicos do Oregon (OPERF, na sigla em inglês) vendeu cerca de um quinto de sua participação na fabricante de chips Nvidia e cortou aproximadamente um quarto das participações na fabricante de chips Intel e nas montadoras Ford Motor e General Motors no terceiro trimestre. A OPERF divulgou as negociações em formulário enviado à Comissão de Valores Mobiliários e não quis comentar o porquê das mudanças.

Foram vendidas 92.207 ações da Nvidia, de modo que o fundo encerrou o terceiro trimestre com 392.422 papéis da empresa. As ações da companhia triplicaram nos primeiros nove meses de 2023, mais do que compensando a queda de 50% em 2022. No quarto trimestre, até agora, as ações subiram 3,4%. Para efeito de comparação, o índice S&P 500 subiu 12% nos primeiros nove meses de 2023, após uma queda de 19% em 2022, e avançou 1,6% no trimestre até aqui.

Os ganhos da Nvidia têm sido fortes este ano, e analistas estão tão entusiasmados com as ações quanto os investidores. A popularidade da inteligência artificial generativa aumentou a demanda por chips da empresa, que divulgará o balanço do terceiro trimestre em 21 de novembro. Por outro lado, desafios relacionados à China ficam no foco.

O CEO da Intel, Pat Gelsinger, disse ao Barron’s no final de outubro que sua empresa deve permanecer envolvida com a China diante das tensões entre o país e os EUA. O próprio Gelsinger tem comprado ações da Intel este ano, e os ganhos têm sido fortes, ainda que menores que os da Nvidia.

As ações da Intel subiram 35% nos primeiros nove meses de 2023, após uma queda de 49% em 2022. No quarto trimestre, até aqui, os papéis ganharam 7,3%. A OPERF vendeu 574.828 ações da Intel e encerrou o terceiro trimestre com 1,8 milhão..

Já Ford subiu 6,8% nos primeiros nove meses de 2023, após uma queda de 44% em 2022. As ações caíram 15% no quarto trimestre e foram prejudicadas pela greve da United Auto Workers, que chegou ao fim. Os lucros do terceiro trimestre também ficaram abaixo das expectativas, e o negócio de veículos eléctricos continuou a perder dinheiro, mas a Ford tem superado a GM nesta frente. A OPERF vendeu 622.672 ações da Ford no terceiro trimestre, reduzindo o seu investimento para 1,9 milhão de ações.

Da General Motors, foram vendidas 276.674 ações, levando a OPERF a encerrar o terceiro trimestre com 792.874. Os papéis caíram 2% nos primeiros nove meses de 2023, após uma queda de 43% em 2022, e recuaram 9,7% no quarto trimestre até aqui.

De modo geral, a OPERF reduziu seus investimentos negociados nos EUA de US$ 8,4 bilhões, em 30 de junho, para US$ 7,3 bilhões em 30 de setembro. Os ativos totalizavam US$ 95,9 bilhões no final de 2022, tornando a OPERF a 16ª maior pensão pública nos EUA em termos de gestão de ativos.

 

 

ISTOÉ

EUA - A Assembleia Geral da ONU aprovou, com 187 votos, uma resolução que pede o fim do embargo imposto há seis décadas pelos Estados Unidos contra Cuba, uma vitória moral para a ilha que, no entanto, não é vinculante.

Os Estados Unidos e Israel votaram contra a resolução "Necessidade de pôr fim ao embargo econômico, comercial e financeiro, imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba". A Ucrânia se absteve da votação.

A resolução reitera o princípio da "igualdade dos Estados, da não intervenção e da não ingerência em assuntos internos e a liberdade de comércio e navegação internacional" e manifesta "sua preocupação com a promulgação e aplicação continuadas" de leis como a americana Helms-Burton (vigente desde 1996), que tem efeitos extraterritoriais para pessoas e empresas que fizerem negócios com Cuba.

"O bloqueio é um ato de guerra econômica em tempos de paz", disse o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, na tribuna, após lembrar que "mais de 80% da população cubana só viveram" sob o regime de sanções unilaterais americanas.

Desde 1992, Cuba apresenta anualmente resoluções na Assembleia Geral da ONU para pedir o fim do embargo imposto unilateralmente, em plena Guerra Fria, pelo presidente John F. Kennedy para asfixiar o regime comunista da ilha.

Apesar de os governos cubano e americano terem iniciado um processo de normalização das relações diplomáticas em 2015, sob o governo de Barack Obama, o embargo segue em vigor e é considerado por seus opositores como o principal obstáculo ao desenvolvimento de Cuba.

A forte repressão do governo cubano às manifestações anti-governamentais de julho de 2021, que deixou mais de 1.000 detidos e forçou outros ao exílio, não contribuiu para a mudança esperada na administração democrata de Joe Biden, após as políticas rígidas de seu antecessor, Donald Trump.

As autoridades cubanas calculam que seis décadas de embargo causaram perdas de mais de 159 bilhões de dólares (795 bilhões de reais, na cotação atual) para sua economia. Só entre março de 2022 e fevereiro de 2023, o bloqueio teria provocado perdas de 4,86 bilhões de dólares (24,28 bilhões de reais).

Sem o embargo, afirmam, a economia teria crescido 9%. A migração é "um efeito direto da intensificação do bloqueio", alertam, em um folheto distribuído à imprensa.

 

 

AFP

EUA - A fabricante automotiva americana General Motors fechou um acordo de princípio com o sindicato de trabalhadores do setor UAW, poucos dias depois de suas concorrentes Ford e Stellantis, também afetadas pela greve desde meados de setembro.

Segundo um comunicado do sindicato, a GM aceitou, assim como as outras montadoras, um aumento do salário básico de 25% nos quatro anos de duração do acordo coletivo.

O presidente Joe Biden, que, em campanha para a reeleição, participou de um dos piquetes organizados pelos trabalhadores exigindo melhorias salariais, deu boas-vindas aos acordos “históricos” após semanas de paralisação.

“Estes acordos recorde recompensam os trabalhadores da indústria automotiva que fizeram muitos sacrifícios para que o setor continuasse funcionando” durante a crise de 2009, considerou o mandatário.

Mais de 45.000 trabalhadores chegaram a ficar em greve, como parte de uma estratégia na qual a UAW aumentou gradualmente o número de fábricas com paralisações em busca de melhores condições salariais desde 15 de setembro.

Desde a criação deste sindicato em 1935, esta foi a primeira vez que os “três grandes” de Detroit foram alvo de uma greve simultânea.

Os acordos precisam ser ratificados em votação pelos membros da UAW (United Auto Workers).

 

– Estratégia –

Depois de começar por fábricas menores e centros de distribuição de autopeças, a UAW ampliou o movimento para as fábricas mais importantes e “lucrativas” de cada grupo.

A Ford alcançou um acordo preliminar na quarta-feira depois de 41 dias de greve e a Stellantis três dias depois, no sábado.

O acordo provisório com a Stellantis, após 44 dias de paralisação, inclui um aumento de 25% dos salários até 2028, informou o sindicato em um comunicado.

A Ford também aceitou um aumento de 25% do salário de base.

Estes acordos devem ser ratificados por votação dos membros da UAW.

As cifras conhecidas são inferiores aos 40% pretendidos pelo presidente da UAW, Shawn Fain, quando o sindicato iniciou a greve.

Além disso, os acordos preveem aumentos salariais durante os quatro anos de convênio coletivo, medidas de ajuste ao custo de vida, benefícios sociais e melhorias para os aposentados, entre outras.

Também, segundo cada empresa, tem especificidades, como aumentar a quantidade de empregos no caso da Stellantis.

 

– Fábrica ‘resgatada’ –

A Stellantis se comprometeu a criar 5.000 postos de trabalho, depois que havia previsto demissões como parte do fechamento de uma fábrica em Belvidere (Illinois) que agora foi “resgatada”, segundo Rich Boyer, vice-presidente da UAW.

“Os trabalhadores não tinham tanta força há décadas, e certamente não a tinham desde a recessão de 2008-2009”, constatou, em diálogo com a AFP, Susan Schurman, professora de relações trabalhistas na Universidade de Rutgers.

Neste setor, os funcionários fizeram “enormes sacrifícios” durante a salvação da indústria após a crise de 2008 e agora com a reativação, “os dirigentes recebem muito dinheiro e os trabalhadores querem sua parte”, acrescentou.

“Outro trimestre recorde, outro ano recorde. Como dissemos há meses: lucros recorde significam contratos recorde”, comentou Shawn Fain após a publicação dos resultados trimestrais da GM em 24 de outubro.

O sindicato anunciou que os trabalhadores de Ford e Stellantis retomariam seu trabalho sem esperar a validação por votação no sindicato.

Ao fechamento da Bolsa de Nova York, as ações da GM tiveram alta de 0,51% no dia, após o acordo com o sindicato UAW acabar com a greve. As ações da Ford (-1,96%) e da Stellantis (-0,28%) sofreram desvalorizações.

 

 

ISTOÉ DINHEIRO

EUA - Um primeiro esboço de regulamentação da inteligência artificial (IA) foi assinado na última segunda-feira, 30, pelo presidente dos EUA Joe Biden, no que pode ser o empurrão para que outros países também adotem leis específicas para a tecnologia. Entre os tópicos do governo americano para o desenvolvimento e regulação da IA estão a exigência de que produtos de IA mais avançados sejam testados para garantir que não possam ser usados para produzir armas biológicas ou nucleares, e que os resultados desses testes sejam informados ao governo.

Os requisitos de teste são uma parte pequena, mas central, do que Biden, em um discurso programado para a tarde desta segunda-feira, deve descrever como a ação governamental mais abrangente para proteger os americanos dos riscos potenciais trazidos pelos enormes saltos na IA nos últimos anos. O esforço ainda pode ser considerado uma tentativa dos EUA de tomar a liderança na regulamentação da tecnologia que ainda enfrenta um mercado crescente e pouco delimitado pelas leis já vigentes em vários países.

De acordo com o jornal americano The New York Times, as regulamentações incluirão recomendações, mas não exigências, de que fotos, vídeos e áudio desenvolvidos por esses sistemas sejam identificados com marca d’água para deixar claro que foram criados por IA. Isso reflete o medo crescente de que a tecnologia torne muito mais fácil a criação de deepfakes e desinformação convincente, especialmente à medida que a campanha presidencial de 2024 se acelera nos EUA.

A ordem de Biden será emitida dias antes de uma reunião de líderes mundiais sobre segurança em IA, organizada pelo primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Rishi Sunak. Na questão da regulamentação da tecnologia, os Estados Unidos ficaram atrás da União Europeia, que já está elaborando novas leis, e de outras nações como China e Israel, que emitiram propostas de regulamentação. Desde que o ChatGPT, o chatbot com tecnologia de IA da OpenAI, explodiu em popularidade no ano passado, legisladores e reguladores globais têm debatido sobre como a inteligência artificial pode alterar empregos, espalhar desinformação e potencialmente desenvolver seu próprio tipo de inteligência.

As novas regras dos EUA, algumas das quais devem entrar em vigor nos próximos 90 dias, provavelmente enfrentarão muitos desafios, alguns legais e outros políticos. Mas a ordem visa aos sistemas futuros mais avançados e, em grande parte, não aborda as ameaças imediatas dos chatbots existentes que poderiam ser usados para espalhar desinformação relacionada à Ucrânia, Gaza ou à campanha presidencial.

 

Para quem?

A ordem afeta apenas as empresas americanas, mas como o desenvolvimento de software ocorre em todo o mundo, os Estados Unidos enfrentarão desafios diplomáticos para aplicar as regulamentações, razão pela qual o governo está tentando incentivar aliados e adversários a desenvolver regras semelhantes. A vice-presidente Kamala Harris está representando os Estados Unidos na conferência em Londres sobre o assunto nesta semana.

As regulamentações também têm o objetivo de influenciar o setor de tecnologia, estabelecendo padrões inéditos de segurança e proteção ao consumidor. As diretrizes da Casa Branca para as agências federais visam forçar as empresas a cumprir os padrões estabelecidos por seus clientes governamentais.

“Esse é um primeiro passo importante e, o que é importante, as ordens executivas estabelecem normas”, disse Lauren Kahn, analista sênior de pesquisa do Center for Security and Emerging Technology da Universidade de Georgetown.

A ordem também instrui o Departamento de Saúde e Serviços Humanos e outras agências a criar padrões de segurança claros para o uso de IA e a simplificar os sistemas para facilitar a compra de ferramentas que usem a tecnologia. Ela determina que o Departamento do Trabalho e o Conselho Econômico Nacional estudem o efeito da IA no mercado de trabalho e apresentem possíveis regulamentações. E solicita que as agências forneçam orientações claras aos locadores, contratantes do governo e programas de benefícios federais para evitar a discriminação por algoritmos usados em ferramentas de IA.

Mas a Casa Branca tem autoridade limitada, e algumas das diretrizes não são aplicáveis. Por exemplo, a ordem pede que as agências fortaleçam as diretrizes internas para proteger os dados pessoais dos consumidores, mas a Casa Branca também reconheceu a necessidade de uma legislação de privacidade para garantir totalmente a proteção dos dados.

Para incentivar a inovação e reforçar a concorrência, a Casa Branca solicitará que a Câmara Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) intensifique seu papel de fiscalizador da proteção ao consumidor e das violações antitruste. Mas a Casa Branca não tem autoridade para instruir o FTC, um órgão independente, a criar regulamentações.

Lina Khan, presidente da Comissão, já sinalizou sua intenção de agir de forma mais agressiva como fiscalizadora da IA. Em julho, a comissão abriu uma investigação sobre a OpenAI sobre possíveis violações de privacidade do consumidor e acusações de divulgação de informações falsas sobre indivíduos.

“Embora essas ferramentas sejam novas, elas não estão isentas das regras existentes, e o FTC aplicará vigorosamente as leis que somos encarregados de administrar, mesmo nesse novo mercado”, escreveu Khan em um artigo publicado no The New York Times em maio.

O setor de tecnologia disse que apoia as regulamentações, embora as empresas discordem sobre o nível de supervisão do governo. A Microsoft, a OpenAI, o Google e a Meta estão entre as 15 empresas que concordaram com compromissos voluntários de segurança e proteção, incluindo a realização de testes de estresse em seus sistemas por terceiros para detectar vulnerabilidades.

Biden pediu regulamentações que apoiem as oportunidades da IA para ajudar na pesquisa médica e climática, ao mesmo tempo em que cria barreiras para proteger contra abusos. Ele enfatizou a necessidade de equilibrar as regulamentações com o apoio às empresas dos EUA em uma corrida global pela liderança da IA. Para isso, a ordem orienta as agências a simplificar o processo de visto para imigrantes altamente qualificados e não imigrantes com experiência em IA para estudar e trabalhar nos Estados Unidos.

Um alto funcionário do Departamento de Energia disse na semana passada que a Administração Nacional de Segurança Nuclear já havia começado a explorar como esses sistemas poderiam acelerar a proliferação nuclear, resolvendo questões complexas na construção de uma arma nuclear. E muitas autoridades têm se concentrado em como esses sistemas poderiam permitir que um grupo terrorista reunisse o que é necessário para produzir armas biológicas.

Ainda assim, legisladores e funcionários da Casa Branca advertiram que não se deve agir com muita rapidez para redigir leis para tecnologias de IA que estão mudando rapidamente. A União Europeia não considerou modelos de linguagem ampla (LLM, na sigla em inglês) em seus primeiros esboços legislativos./COM NYT

 

 

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