Trabalho foi desenvolvido com atuação da Embrapii UFSCar-Materiais e nova tecnologia já é uma patente depositada
SÃO CARLOS/SP - Um projeto de pesquisa, realizado entre a unidade Embrapii UFSCar-Materiais e a empresa Aperam South America, uma das grandes produtoras de aço inoxidável do mundo, desenvolveu novos produtos duráveis e mais econômicos, atingindo o principal objetivo da parceria. O trabalho nasceu da demanda de Aperam de produzir aços mais baratos e resistentes aos processos de degradação, como corrosão e desgaste, muito comuns em materiais metálicos. O resultado do projeto foi tão positivo que acabou rendendo um pedido de patente depositado recentemente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
O trabalho foi coordenado na UFSCar por Guilherme Koga, docente do Departamento de Engenharia de Materiais e diretor técnico do Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais (CCDM), onde os testes foram executados. De acordo com ele, a Aperam buscava desenvolver aços inoxidáveis mais acessíveis e resistentes para diferentes setores industriais. "O principal desafio era equilibrar custo, resistência à corrosão e ao desgaste sem depender de altos teores de elementos de liga, como o cromo. Além disso, havia a necessidade de aprimorar processos de produção e caracterização microestrutural para garantir um desempenho superior", relata o professor. Com aços de menor custo e alta resistência, Koga explica que esses materiais podem ser utilizados em diversas indústrias, como construção civil, mineração e agroindústria, aumentando a segurança e a durabilidade de equipamentos e estruturas metálicas.
De acordo com o professor, anteriormente, a maioria dos aços inoxidáveis dependia de altos teores de cromo para oferecer boa resistência à corrosão e ao desgaste, o que os tornava mais caros. "O projeto introduziu uma nova abordagem para produzir aços inoxidáveis com menor teor de cromo, mas mantendo o desempenho e durabilidade, utilizando controle microestrutural e otimizando a composição dos materiais", pontua. Além desse resultado principal, Koga destaca também outros alcances importantes da iniciativa como a transferência de conhecimento entre a Embrapii UFSCar-Materiais e a Aperam, o fortalecimento da relação entre academia e indústria e a formação de engenheiros capacitados para o mercado de trabalho. Além de Guilherme Koga, o projeto teve a participação de outros docentes da UFSCar, estudantes de graduação e pós-graduação e funcionários da Aperam.
"A Aperam tem como parte de seu DNA trazer ao mercado não só aços especiais, como os inoxidáveis, mas soluções inovadoras. Sob esta ótica, a aproximação de centros de excelência em ciência, encurta o caminho entre a ideia gerada e o cliente final, se traduzindo em grande competitividade em novas tecnologias. A equipe da Embrapii UFSCar-Materiais teve um alinhamento inquestionável à ambição do projeto para a Aperam", explicou o Wilian Labiapari, coordenador de atividades experimentais da Aperam.
Em relação à patente depositada junto ao INPI, Koga explica que a patente refere-se às novas ligas desenvolvidas. "O depósito [da patente] garante proteção intelectual à tecnologia, permitindo que a inovação seja utilizada comercialmente com exclusividade pela Aperam ou licenciada para outras empresas. Isso valoriza o projeto e estimula novos investimentos em pesquisa e desenvolvimento", reforça o coordenador do projeto.
"Estamos orgulhosos de termos o primeiro pedido de patente originado em um projeto Embrapii. Todas as nossas propostas visam atender as demandas das empresas parceiras e esse pedido de patente completa o projeto e certifica que uma nova tecnologia foi gerada pela UFSCar, dentro da unidade da Embrapii credenciada na nossa Instituição", celebra Ernesto Pereira, coordenador geral da Embrapii UFSCar-Materiais.