BRASÍLIA/DF - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou na quarta-feira (3) o fim da exigência de estudos da fase 3 em andamento no Brasil para autorização emergencial de vacinas no país. Esta é a principal mudança trazida na atualização do guia para uso emergencial de imunizantes contra a covid-19. São os estudos da fase 3 que mostram o percentual de eficácia da vacina, quantas doses devem ser aplicadas, além da avaliação de eventuais reações adversas.
"Essa atualização faz parte da estratégia regulatória do Brasil de favorecer acesso. Ela está apartada de qualquer discussão que seja fora do âmbito técnico, para que o Brasil garanta que tenha acesso a vacinas com qualidade, eficácia e segurança", disse a diretora da Anvisa, Meiruze Freitas, durante coletiva de imprensa para comunicar as alterações.
Com a mudança, a norma da Anvisa segue exigindo estudo de desenvolvimento clínico da vacina na fase 3, mas agora ele não precisa estar sendo conduzido no Brasil. O guia passa a contar com a seguinte redação: "A vacina deve preferencialmente possuir um Dossiê de Desenvolvimento Clínico de Medicamento (DDCM) anuído pela Anvisa e o ensaio clínico fase 3, pelo menos, em andamento e em condução no Brasil".
No caso de fase 3 realizada no exterior, caberá ao laboratório requerente apresentar os dados brutos do estudo, fazer o acompanhamento dos participantes dos testes para avaliação de eficácia por, pelo menos, um ano e apresentar demonstração de que os estudos pré-clínicos e clínicos foram conduzidos conforme as diretrizes aceitas nacional e internacionalmente. O prazo de análise para vacinas sem estudo de fase 3 desenvolvido no Brasil será de até 30 dias.
"A vacina com estudo de fase 3 aqui no Brasil ou no exterior vai ter que seguir o mesmo critério de segurança, qualidade e eficácia. A única diferença vai ser a necessidade de apresentar dados que permitam que nós tenhamos confiança no estudo no exterior e que esse estudo mostre que a vacina serve para a população brasileira. E nós como agência reguladora vamos assegurar isso", afirmou Gustavo Mendes, gerente-geral de medicamentos da Anvisa.
Até agora, no Brasil, existem duas vacinas com autorização de uso emergencial: a Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac; e o imunizante desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca, em parecia com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A flexibilização nas regras do pedido de uso emergencial pode beneficiar, por exemplo, o laboratório União Química, que está à frente da produção da vacina russa Sputnik V no Brasil. O imunizante ainda aguarda autorização de estudo fase 3 no país, mas agora não dependerá mais desse pré-requisito para encaminhar o pedido.
De acordo com Meiruze Freitas, a expectativa é que a nova redação do guia para uso emergencial amplie a oferta de vacinas no país. "A gente ainda não recebeu isso diretamente de nenhuma empresa, mas eu espero fortemente que tenha impacto. Isso certamente possibilitaria para a Moderna, Novavax e um monte de outras vacinas, dentro inclusive do portfólio da Covax Facility ".
*Por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil
SÃO CARLOS/SP - A Diretoria de Vigilância em Saúde de São Carlos retira nesta quarta-feira (03/02), a partir das 12h, na Diretoria Regional de Saúde de Araraquara (DRS III), o segundo lote com 4.200 doses da vacina CORONAVAC. A saída de Araraquara está prevista para 13h30 com escolta.
No dia 21 de janeiro a Prefeitura recebeu o primeiro lote da CORONAVAC com 3.960 doses, das quais 3.550 já foram aplicadas nos profissionais de saúde. A imunização da saúde continua, já que o município tem cadastrado mais de 9.500 profissionais nessa área.
Da AstraZeneca/Oxford o município já recebeu 3.050 doses, sendo que 700 delas serão aplicadas nesta quinta-feira (04/02) em idosos das instituições de longa permanência (abrigos). Já no dia 8 de fevereiro tem início a vacinação do idosos com 90 anos ou mais.
Com a chegada da segunda remessa da vacina do Butantan, São Carlos contabiliza 11.210 doses do imunizante contra a COVID-19, sendo 8.160 doses da CORONAVAC (3.960 do primeiro lote e 4.200 agora no segundo lote) e 3.050 da AstraZeneca/Oxford.
Sérgio Vieira alerta que a guerra de ideais pode colocar vidas em risco ao fazer a população duvidar da importância da imunização
SÃO PAULO/SP - O Brasil é um dos maiores epicentros mundiais da pandemia de Covid-19. As estimativas oficiais apontam 8.844.577 casos da doença — destes, 217.037 resultaram em mortes. Diante da urgência para salvar vidas e principalmente do início da vacinação em diversos países do globo, a Anvisa deu aval para o uso emergencial de dois imunizantes: a Coronavac, da farmacêutica Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, e a de Oxford/AstraZeneca, com participação da Fiocruz.
Até o momento, o imunizante que deu início a vacinação do primeiro grupo prioritário é a Coronavac, criticada inúmeras vezes pelo presidente Jair Bolsonaro, não apenas pela origem de laboratórios chineses como por ser um resultado de negociação do Governo de São Paulo, atualmente chefiado por João Dória, tido como um dos candidatos em potencial a concorrer à presidência em 2022, e pelo Instituto Butantan.
O advogado e entusiasta político Sérgio Vieira, explica que o fato da Coronavac ser alvo de uma briga política silenciosa é perigoso, pois pode colocar em risco a adesão da população.
“Ficou comprovado por meio da Anvisa a importância do uso das vacinas como uma das melhores estratégias para vencer a pandemia, visto que não há medicamentos eficazes que possam ser usados contra o vírus. Desta forma, a maneira como os imunizantes foram colocados inviabilizou até mesmo a negociação de doses para o Plano Nacional de Imunização com outros países”, exemplifica.
Segundo o advogado, um claro exemplo de como essa polarização da vacina afeta a população é que as doses utilizadas pelos Governo Federal não foram, necessariamente, obra de uma negociação do mesmo.
“Caso não houvesse inciativa de negociação dos estados, como estaríamos nesse ponto? A imunização seria possível nesse momento? Além disso, o presidente questionou inúmeras vezes a eficácia da vacina e afirmou até mesmo que não a tomaria, qual a responsabilidade dessa fala no contexto onde as pessoas precisam ser conscientizadas quanto a importância da escolha individual de se vacinar?”, questiona.
Na terça-feira, 19 de janeiro, a Fiocruz afirmou que ao Ministério Público Federal que o imunizante Oxford/AstraZeneca só será entregue em março devido a um atraso de insumos para fabricação, porém as doses oriundas da Índia chegaram ao país nessa semana e estão sendo distribuídas por estados e municípios. Da mesma forma, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, cobrou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defenda a Coronavac.
“Outros órgãos estão pressionando o Governo Federal, que deveria ser que está a frente das negociações. O Itamaraty, por exemplo, pode atuar na agilidade para a entrega dos insumos de origem internacional. O que será da vacinação se o Governo Federal e o presidente não agirem a fim defender e disseminar a importância do produto que pode acabar com a pandemia?”, questiona Sérgio.
ISRAEL - Israel concordou em transferir 5.000 doses de vacinas contra a covid-19 para palestinos da Cisjordânia. A informação foi confirmada neste último domingo (31.jan.2021) pelo gabinete do ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz.
Israel é um dos países mais avançados do mundo na vacinação. Quase 1/3 dos 9,3 milhões de habitantes do país recebeu a 1ª dose da vacina e 1,7 milhão pessoas receberam as duas doses necessárias para a imunização, segundo o Ministério da Saúde.
A campanha de vacinação do país inclui cidadãos árabes de Israel e palestinos residentes na área anexa de Jerusalém Oriental. Mas os palestinos que vivem na Cisjordânia sob o domínio da Autoridade Palestina e aqueles que vivem sob o domínio do Hamas em Gaza não estão incluídos no plano de imunização israelense.
Desde 1967, esses 2 territórios palestinos estão sob ocupação militar de Israel.
O regime de controle teve um efeito direto no acesso dos palestinos à saúde. A ocupação deixou o sistema palestino subabastecido e com instalações médicas insuficientes. Os palestinos foram forçados a contar com ajuda externa para atender às suas necessidades de saúde básicas.
Com isso, as autoridades palestinas não têm condições de implementar estratégias eficazes para combater a pandemia e adquirir os medicamentos e vacinas necessários.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) expressou preocupação com a desigualdade entre Israel e Palestina. Grupos internacionais de direitos humanos e especialistas da ONU (Organização das Nações Unidas) têm dito que Israel é responsável pelo bem-estar dos palestinos nessas áreas. Israel afirma que, sob os acordos de paz provisórios da década de 1990, o país não é responsável pelos palestinos, e que, até então, não recebeu nenhum pedido de ajuda.
Os palestinos tentam obter vacinas por meio da Covax, iniciativa liderada pela OMS para fornecer vacinas aos países mais pobres, mas é provável que isso leve muito tempo.
No início de dezembro, a Autoridade Palestina anunciou também um acordo com a Rússia para receber 4 milhões de doses da Sputnik V. No entanto, as autoridades russas argumentaram que ainda não têm suprimentos suficientes para cumprir ordens não domésticas.
*Por: PODER360
HONG KONG - A população de Hong Kong confia menos nas novas vacinas chinesas contra o coronavírus do que nas fabricadas na Europa e nos Estados Unidos, com menos de 30% das pessoas questionadas em uma pesquisa que considera a vacina Sinovac da China aceitável.
A pesquisa da Universidade de Hong Kong, na qual até 1.000 pessoas foram entrevistadas este mês, mostrou que a aceitação geral de vacinas na região administrativa especial chinesa era baixa, com apenas 46% de probabilidade de tomar a vacina COVID-19.
A confiança foi significativamente menor na vacina Sinovac, com 29,5% dos entrevistados aceitando-a em comparação com 56% das pessoas que tomariam uma produzida pela BioNTech da Alemanha e 35% que tomariam uma produzida pela AstraZeneca Plc e pela Universidade de Oxford.
O governo de Hong Kong encomendou 7,5 milhões de doses da vacina Sinovac e disse que será a primeira a chegar ao centro financeiro asiático, em janeiro.
Mas a chegada da vacina foi adiada e o governo disse que aguarda mais informações clínicas.
Antes de a pandemia chegar a Hong Kong em janeiro de 2020, a ex-colônia britânica foi atormentada por meses de protestos antigovernamentais e anti-China motivados pela percepção de que Pequim estava empurrando a cidade semi-autônoma para um caminho mais autoritário.
“Como você repara um déficit de confiança? Acho que não há maneira rápida e fácil ”, disse o professor Gabriel Leung, reitor da faculdade de medicina da Universidade de Hong Kong, em uma coletiva de imprensa sobre os resultados da pesquisa, referindo-se à vacina Sinovac.
“Acho que só há um caminho, que é a abertura e realmente permitir que a ciência conduza”.
Hong Kong aprovou formalmente o uso da vacina Fosun Pharma-BioNTech na segunda-feira, a primeira vacina a ser aceita na cidade. O primeiro lote de um milhão de doses deve chegar na segunda quinzena de fevereiro.
Hong Kong garantiu um total de 22,5 milhões de doses da vacina COVID-19 da Fosun Pharma-BioNTech, Sinovac e Oxford-AstraZeneca, disse a líder do governo municipal Carrie Lam em dezembro.
A Fosun Pharma é parceira do fabricante alemão de medicamentos BioNTech na Grande China e é responsável pelo gerenciamento, armazenamento e distribuição da cadeia de frio. As vacinas estão sendo fabricadas na Alemanha.
Em grande parte, Hong Kong conseguiu manter o coronavírus sob controle. Houve 10.283 casos e 174 mortes no ano passado.
*Reportagem de Farah Master / REUTERS
IBATÉ/SP - A cidade de Ibaté recebeu na tarde desta quarta-feira (27), 190 doses da vacina de Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19. As vacinas foram
recebidas no Hospital e Maternidade Municipal de Ibaté.
Segundo a Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, as doses serão usadas na continuidade do plano de imunização dos profissionais de saúde do município, que teve início no dia 21 de janeiro, quinta-feira, com o recebimento das 280 doses da CoronaVac.
RIO DE JANEIRO/RJ - As 2 milhões de doses da vacina Oxford-AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), começarão a seguir para os estados na tarde deste sábado (23). Depois de chegar em voo da Emirates no Aeroporto de Guarulhos, às 17h20 da sexta-feira (22), a carga foi transportada em um avião da Azul até a Base Aérea do Galeão, onde chegou às 22h.
O avião foi recebido na pista por um batismo simbólico, com jatos de água lançados em forma de arco pelos bombeiros do Aeroporto Rio-Galeão.
As vacinas prontas foram fabricadas pelo Instituto Serum, na Índia, e eram aguardadas desde sábado (16), mas tiverem atraso no envio por questões internas da Índia.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, recebeu o lote em solo brasileiro, ao lado dos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e das Comunicações, Fábio Faria. Também estavam presentes o embaixador da Índia, Suresh Reddy, e a presidente da Fiocruz, Nisia Trindade. Esta última se juntou ao grupo no Rio de Janeiro.
"A encomenda tecnológica prevê 100 milhões de doses para o primeiro semestre. Essas 2 milhões de doses são apenas o início. É o começo do processo. O objetivo do Ministério da Saúde é a vacinação em massa do povo brasileiro. E isso vai nos colocar, rapidamente, no topo da lista do número de vacinados. Com 8 milhões de doses, nós passaremos a ser o segundo país do ocidente que mais vacinou", disse Pazuello, em pronunciamento à imprensa na Base Aérea.
O ministro Ernesto Araújo ressaltou a cooperação e a relação diplomática com a Índia. "Isto aqui é o começo de uma parceria tanto na área farmacêutica quanto em muitas outras áreas com a Índia. País pelo qual temos uma admiração imensa, uma amizade imensa, que agora se consolida ainda mais", disse Araújo.
Os ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, das Relações Exteriores, Ernesto Araujo, o embaixador da Índia no Brasil, Suresh Reddy, e a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade - Fernando Frazão/Agência Brasil
O embaixador indiano classificou o momento como um dia histórico entre os dois países. "Este dia traz sorrisos e otimismo a muitas pessoas. O Brasil é o primeiro país a receber esta carga e nós estamos muito orgulhosos de fazer parte deste processo. A Índia assegurará vacinas para todos os países e todos os povos", disse Suresh Reddy.
Para a presidente da Fiocruz, a chegada da vacina é uma vitória da ciência. "Neste momento de perdas, ter a vacina é uma esperança que vem da ciência, que vem do Sistema Único de Saúde. É uma vacina com 70% de eficácia e que poderá ser administrada no intervalo de 12 semanas. Isto será muito importante para o nosso sistema de saúde", ressaltou Nísia Trindade.
Da Base Aérea, as vacinas seguiram em caminhões refrigerados para o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), para checagem de qualidade e segurança, além de rotulagem, com etiquetagem das caixas com informações em português.
Esse processo será feito ao longo da madrugada e da manhã de sábado e será realizado por equipes treinadas em boas práticas de produção. A previsão é de que as vacinas estejam prontas para distribuição para todos os estados brasileiros no período da tarde.
Toda a logística de distribuição ficará sob a responsabilidade do Ministério da Saúde, por meio do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.
Pelo Twitter, o presidente Jair Bolsonaro comentou sobre a chegada das 2 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford ao Brasil. Ele disse que foram “negociadas pelo Ministério da Saúde e [a vacina já foi] adquirida também por um grande número de países”.
- Recebemos hoje 2 milhões de doses da vacina Astrazeneca/Oxford, vindas da Índia.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 23, 2021
- Negociadas pelo @minsaude , e adquirida também por um grande número de países. pic.twitter.com/VIVtE262SZ
*Por Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil
ÍNDIA - Um grande incêndio atingiu na quinta-feira (21) o complexo do Instituto Serum, na Índia (SII), o maior fabricante mundial de vacinas. O chefe do instituto, Adar Poonawalla, disse que a produção de imunizantes contra a covid-19 não foi atingida e que não haverá perda de doses da vacina da AstraZeneca por causa do incidente.
Vídeos e fotos da ANI, uma parceira da Reuters, mostraram fumaça negra saindo de um edifício cinza, do complexo gigantesco que sedia o SII em dezenas de hectares na cidade de Pune, no oeste indiano.
"Obrigado a todos por sua preocupação e suas orações", disse Poonawalla, no Twitter.
"Até agora, o mais importante é que não houve perda de vidas ou grandes ferimentos devido ao incêndio, apesar de alguns andares terem sido destruídos".
Ele também afirmou que o instituto tem vários prédios que abrigam a produção de vacinas para lidar com contingências.
O SII está produzindo, por mês, cerca de 50 milhões de doses de uma vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca, em outras instalações do complexo.
O Corpo de Bombeiros informou que ao menos cinco caminhões foram enviados para combater as chamas no edifício, que uma fonte descreveu como uma "planta de vacina em construção".
Ainda não foi divulgado comunicado sobre a causa do incêndio.
Muitos países de renda baixa e média dependem da entrega das vacinas do SII para enfrentar a epidemia.
A vacina da AstraZeneca já está sendo usada na Índia, e também foi enviada a países como Bangladesh, Nepal, Maldivas e Butão.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) busca importar 2 milhões de doses da vacina de Oxford para a imunização no Brasil, mas a carga ainda não foi liberada pelo governo indiano e é alvo de conversas entre os dois países.
*Por Krishna N. Das, Rajendra Jadhav e Euan Rocha - Repórteres da Reuters
SÃO PAULO/SP - A vacina do Instituto Butantan apresentou um resultado de 78% de eficácia contra a covid-19 no estudo com voluntários brasileiros. O imunizante é desenvolvido em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Representantes do Butantan conversaram na manhã nesta quinta-feira, 7, com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e apresentaram os resultados dos testes da chamada fase 3.
Os dados foram detalhados também em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira. De acordo com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), nesta manhã o Butantan iniciou o pedido de uso emergencial à Anvisa. Com isso, pretende iniciar a imunização no estado no dia 25 de janeiro.
Apesar da fala de Doria, a Anvisa emitiu uma nota e disse que ainda não recebeu o pedido de registro e que a reunião desta quinta-feira não é considerado o início de submissão. “A reunião de pré submissão não é o pedido de submissão. Precisa ser feito de forma oficial e no protocolo o pedido. Isso é feito depois que as equipes técnicas checam documentos necessários. A equipe do Butantan vai pedir nova reunião para a Anvisa”, disse nota enviada à imprensa.
A expectativa é que a vacina seja registrada na China na semana que vem. O próximo passo é obter o registro junto à Anvisa, o que não deve demorar. “Caso o processo corra rapidamente, de acordo com o esperado, há uma chance que a vacinação possa começar até um pouco antes do dia 25”, diz Gonzalo Vecina, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) à EXAME.
Os dados da pesquisa se referem ao estudo no Brasil que envolveu quase 13.000 voluntários em sete estados e no Distrito Federal. Em novembro, o teste da Coronavac no país atingiu o número mínimo de pessoas infectadas. Com isso, os estudos entraram na última fase de análise para verificar se ela realmente era eficaz contra o coronavírus.
Metade dos voluntários recebeu a vacina e a outra metade um placebo. Os pesquisadores analisaram se os contaminados estavam no grupo vacinado ou no grupo placebo, e verificaram que a vacina atingiu o objetivo.
Os 78% de eficácia significam que a cada 100 pessoas vacinadas, 78 desenvolvem resposta imunológica ao coronavírus e não ficam doentes. Outros 22 podem ter a forma leve da doença. Especialistas em saúde consideram este valor muito satisfatório para combater a covid-19.
“O resultado de 78% é muito bom para uma vacina de vírus inativado. Isso é muito importante. Uma vacina não esteriliza a ação do vírus, mas reduz muito sua ação. É assim que funciona com a vacina da gripe. Mesmo imunizado, você pode ter gripe, mas numa versão leve”, diz Luiz Fernando Lima Reis, diretor do Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa.
A mesma opinião é compartilhada pelo médico sanitarista Gonzalo Vecina. “A eficácia da vacina é de 78%, o que é um patamar bastante elevado”, disse.
Em resultados de testes feitos na Turquia e apresentados no fim de 2020, a Coronavac apresentou eficácia de 91%. Segundo os pesquisadores, o ensaio clínico foi bem menor que no Brasil, com 1.322 voluntários.
*Por Gilson Garrett Jr., Carla Aranha, Fabiane Stefano / EXAME
Previsão é que pedido de uso emergencial da vacina seja feito na quinta-feira (7) pelo Butantan e até sexta-feira (8) pela Fiocruz
SÃO PAULO/SP - A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem reunião técnica, nesta quarta-feira (6), às 14h30, com o Instituto Butantan. O conteúdo não foi divulgado pela agência. A previsão é que o Instituto Butantan solicite uso emergencial da CoronaVac na quinta-feira (7) e a Fiocruz até sexta-feira (8). Não há previsão de reunião com a Fiocruz agendada para esta quarta-feira até o momento, informou a Anvisa.
Uma outra reunião está agendada para quinta-feira (7), "para tratar da eficácia da vacina e da submissão do pedido de registro", segundo o Butantan. "A expectativa é que os resultados de eficácia sejam divulgados na quinta-feira", afirmou o instituto, por meio de nota.
Depois de realizado o pedido de uso emergencial, a Anvisa terá 10 dias para autorizar o início da imunização no país. Não há data confirmada para início do plano nacional de imunização contra a covid-19, conforme divulgado pelo Ministério da Saúde na segunda-feira (4). Mas a pasta informou, por meio de nota, que trabalha “com três margens temporais”. O início da vacinação na “melhor hipótese” seria em 20 de janeiro, "hipótese intermediária" entre 20 de janeiro e 10 de fevereiro" e "hipótese mais tardia" em 10 de fevereiro.
A vacina de Oxford é a principal aposta do governo brasileiro, que tem acordo de compra e transferência de tecnologia com a AstraZeneca, farmacêutica sueca que desenvolve a vacina junto à Universidade de Oxford. Para iniciar a imunização no país ainda este mês, a Fiocruz depende da importação de vacinas prontas fabricadas no Instituto Serum, na Índia.
A fundação já tem autorização da Anvisa para a importação de 2 milhões de doses, mas havia um impasse em relação ao Serum, que tinha anunciado que priorizaria doses para seu próprio país, só disponibilizando vacinas a partir de março. No entanto, na terça-feira (4), o instituto divulgou que vai atender às demandas globais por vacina, abrindo caminho para a importação da Fiocruz. O impasse adiou a previsão de pedido de solicitação de uso emergencial da Fiocruz desta quarta-feira (6) para sexta-feira (8).
Por outro lado, o Butantan já conta com as doses da CoronaVac disponíveis para aplicação, prevista para ter início em 25 de janeiro, conforme divulgado pelo governo do Estado. Há 8 milhões de doses em território nacional, segundo anunciado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em entrevista coletiva à imprensa em dezembro. O governo tem acordo com a Sinovac, empresa chinesa que desenvolve a CoronaVac, para transferência de tecnologia para o Instituto Butantan.
Embora o governo federal ainda não tenha data confirmada de início da imunização, o primeiro grupo a ser vacinado já foi definido. São idosos a partir dos 75 anos, profissionais de saúde, idosos com 60 anos ou mais que vivam em instituições, indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais ribeirinhas. Já no planejamento do governo de São Paulo, os primeiros serão profissionais de saúde, indígenas e quilombolas. Idosos só começarão a ser vacinados a partir de 8 de fevereiro.
Por R7
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