SUDÃO - Após 32 anos trabalhando como professor em uma escola pública no Sudão, Imad Mohammed viu suas economias se esvaírem com a guerra entre dois generais rivais em seu país.
"Agora só comemos uma vez por dia e não sabemos quanto tempo isso vai durar", contou Mohammed, que tem uma família de cinco pessoas para sustentar.
Assim como outros funcionários públicos, o professor do Estado de Al Jazirah está sem receber desde que o exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido (FAR) paramilitares entraram em guerra em 15 de abril.
Na ocasião, os bancos fecharam as portas em Cartum e agências em todo o país enfrentaram dificuldades de continuar operando sem ter contato direto com suas sedes na capital. Desde então, os únicos funcionários públicos que têm recebido pagamento são os militares.
Atualmente, cerca de um milhão de trabalhadores devem sobreviver com suas economias ou redes de assistência social.
"O que os professores e suas famílias estão passando, tanto no setor público como no privado, é catastrófico", disse Ammar Youssef, presidente do Comitê de Professores do Sudão.
A guerra no Sudão já deixou aproximadamente 3.000 mortos e três milhões de deslocados. Mais de um milhão e meio de habitantes deixaram a capital sudanesa utilizando suas economias para escapar dos bombardeios aéreos, tiros de artilharia e conflitos nas ruas que transformaram Cartum em uma zona de guerra.
- Greves –
A situação não foi a mesma para quem não reunia condições financeiras suficientes para deixar os locais de confrontos. Somado a isto, a alta no preço do combustível, que multiplicou por 20, impossibilitou as poucas chances que restavam.
"Eles não só têm dificuldade de alimentar suas famílias uma vez por dia, mas também não podem levá-los para um local seguro, fora das zonas de combate", explica Youssef.
"A educação pública emprega mais de 300.000 pessoas que não ganhavam o suficiente antes da guerra", diz ele, acrescentando que desde o início do conflito, tem sido impossível contatar o Ministério da Educação.
"Quem não morreu de bala, vai morrer de fome", acrescentou.
Muitos sindicatos do país anunciaram que poderiam convocar greves, o que deve intensificar ainda mais a tensão no local.
Uma coalizão de representantes de médicos, engenheiros, professores e jornalistas anunciou que tomará "medidas de agravamento se os salários não forem pagos".
Com o aumento do preço dos alimentos, serviços básicos cada vez mais escassos e salários congelados, mais da metade do país, de 48 milhões de habitantes, depende de ajuda humanitária, de acordo com a ONU.
Em Darfur (oeste), uma das áreas mais afetadas pelos combates, a ONG Human Rights Watch denunciou supostos "crimes de guerra" e pediu ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que investigue o caso.
De acordo com a organização, dezenas de pessoas foram mortas ou feridas enquanto "milhares" de soldados das FAR e de tribos árabes atacaram a cidade de Misterei, em Darfur, a qual foi "quase completamente incendiada".
XANGAI - A General Motors. reduziu nesta segunda-feira o preço inicial do Cadillac Lyriq na China em quase 14%, juntando-se à Volkswagen em uma nova rodada de reduções de preços de veículos elétricos em um mercado onde as montadoras globais estão sob pressão.
O Lyriq, um crossover de luxo baseado na arquitetura Ultium EV da GM, agora custa 379.700 iuanes (52.466 dólares), contra 439.700 iuanes (60.784 dólares) anteriormente, de acordo com o site da GM na China.
A GM também ofereceu um desconto adicional equivalente a quase 2.500 dólares para os compradores do Lyriq que fizerem um depósito na China antes do final de agosto.
A decisão da GM veio logo depois que a Volkswagen cortou os preços de seus veículos elétricos na China, onde a participação de mercado das marcas de veículos elétricos fabricados na China está crescendo e o mercado enfrenta intensa concorrência de preços.
A joint venture da VW com a montadora estatal FAW anunciou na sexta-feira descontos entre 8% e quase 27% em sua série ID de veículos elétricos.
A outra joint venture da VW com a montadora estatal SAIC ofereceu um desconto por tempo limitado no hatchback ID.3, outro VW EV, equivalente a pouco mais de 5.100 dólares. Isso colocou seu preço inicial abaixo do Qin EV da BYD, um dos modelos mais populares da China.
A VW é a montadora estrangeira que mais vende na China.
Desde janeiro, quando a Tesla cortou preços na China, cerca de duas dúzias de montadoras seguiram com reduções de preços para se manterem competitivos e alimentar a demanda.
O mercado automotivo da China, o maior do mundo, está a caminho de um crescimento geral de cerca de 3%, com a participação de veículos elétricos e plug-ins crescendo rapidamente.
O diretor financeiro da GM, Paul Jacobson, disse no mês passado que o Lyriq representava uma oportunidade para a montadora na China. As vendas de Cadillac caíram quase 8% na China no ano passado, mostram dados da indústria.
O Lyriq, que custa pouco menos de 59.000 dólares nos Estados Unidos, teve um lançamento lento desde o ano passado.
A GM vendeu 2.326 Lyriqs nos Estados Unidos no primeiro semestre do ano. Ele vendeu 918 unidades na China no primeiro trimestre, de acordo com dados da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis, que deve anunciar os dados de vendas do primeiro semestre ainda este mês.
Reportagem de Zhang Yan e Brenda Goh / REUTERS
Cenário é resultado da junção de incertezas econômicas, esmorecimento no ritmo das vendas e alta taxa de juros, aponta FecomercioSP
SÃO PAULO/SP - O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICE) fechou o primeiro semestre de 2023 com variação negativa de 6,5%, em comparação ao mesmo período de 2022. Ao se contrapor aos últimos seis meses do ano passado, a queda é ainda maior (-9,1%). Os outros dois indicadores analisados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), referentes à intenção de expandir os negócios e à situação dos estoques, também apresentaram variações negativas: 8% e 4,7%, respectivamente, na base comparativa do primeiro semestre do ano.
De acordo com a Entidade, essa conjuntura pode ser justificada pelas incertezas por parte da classe empresarial quanto ao ambiente macroeconômico, situação que dificulta a projeção de uma situação mais favorável no segundo semestre. O esmorecimento das vendas, de modo geral, e as expectativas econômicas, principalmente em relação à taxa de juros elevada, são os fatores que têm contribuído para que os empresários ajam com mais cautela e segurem os investimentos.
No período, dentre as variáveis que integram o ICEC, a que avalia as condições atuais (ICAEC) apontou variação negativa de 7,3%. O IEEC, que mensura as expectativas futuras, registrou -6,7%. A variável do índice de investimento (IIEC) fechou em -5,3%.
Expansão e investimento
O Índice de Expansão do Comércio (IEC) encerrou o primeiro semestre de 2023 com queda de 8%. Retrações também foram observadas nos índices que medem as expectativas para contratação de funcionários e o nível de investimento das empresas: -10% e -5%, respectivamente. Já o Índice de Estoque (IE) caiu 4,7%. A proporção dos empresários que consideram a situação adequada dos estoques também registrou recuo de 2,4% — de 59,2%, entre janeiro e junho do ano passado, para 56,8%, em 2023. Aqueles que relatam a situação inadequada para cima do desejado ficou praticamente estável (0,8%). Os que consideram os estoques inadequados para baixo do desejado apontou aumento de 2,3%.
De acordo com a FecomercioSP, é possível que a demanda mais fraca esteja afetando a programação dos estoques das empresas, indicando níveis maiores de armazenamento e dificuldade para investir em renovação de reservas de produtos. Diante disso, a Federação orienta resiliência aos empresários. A redução de despesas operacionais é importante para poder equilibrar a baixa nas receitas. Além disso, desenvolver uma curva ABC de produtos é uma boa saída para saber quais são ideais para trabalhar com liquidações e melhorar o nível de estocagem.
Notas metodológicas
ICEC O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) contempla a percepção do setor em relação ao seu segmento, à sua empresa e à economia do País. São entrevistas feitas em painel fixo de empresas, com amostragem segmentada por setor (não duráveis, semiduráveis e duráveis) e por porte de empresa (até 50 empregados e mais de 50 empregados). As questões agrupadas formam o ICEC, que, por sua vez, pode ser decomposto em outros subíndices que avaliam as perspectivas futuras, a avaliação presente e as estratégias dos empresários mediante o cenário econômico. A pesquisa é referente ao município de São Paulo, contudo sua base amostral reflete o cenário da região metropolitana.
IEC
O Índice de Expansão do Comércio (IEC) é apurado todo o mês pela FecomercioSP desde junho de 2011, com dados de cerca de 600 empresários. O indicador vai de 0 a 200 pontos, representando, respectivamente, desinteresse e interesse absolutos em expansão de seus negócios. A análise dos dados identifica a perspectiva dos empresários do comércio em relação a contratações, compra de máquinas ou equipamentos e abertura de novas lojas. Apesar desta pesquisa também se referir ao município de São Paulo, sua base amostral abarca a região metropolitana.
IE
O Índice de Estoque (IE) é apurado todo o mês pela FecomercioSP desde junho de 2011 com dados de cerca de 600 empresários do comércio no município de São Paulo. O indicador vai de 0 a 200 pontos, representando, respectivamente, inadequação total e adequação total. Em análise interna dos números do índice, é possível identificar a percepção dos pesquisados relacionada à inadequação de estoques: “acima” (quando há a sensação de excesso de mercadorias) e “abaixo” (em casos de os empresários avaliarem falta de itens disponíveis para suprir a demanda em curto prazo). Como nos dois índices anteriores, a pesquisa se concentra no município de São Paulo, entretanto sendo a sua base amostral considera a região metropolitana.
NOVA ZELÂNDIA - A União Europeia (UE) e a Nova Zelândia assinaram, neste domingo (9), um acordo de livre comércio que, segundo Bruxelas, deve levar a um aumento de 30% em suas transações bilaterais em uma década.
O acordo foi alcançado em junho de 2022 após vários anos de negociações, e é, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, um pacto “ambicioso” e “muito equilibrado”.
“A Nova Zelândia é um parceiro fundamental para nós na região do Indo-Pacífico e este acordo de livre comércio nos aproximará um pouco mais”, disse.
O primeiro-ministro da Nova Zelândia, Chris Hipkins, destacou que o texto representa “enormes vantagens” para ambos os parceiros.
A UE é o terceiro maior parceiro comercial da Nova Zelândia, que exporta principalmente vinho, frutas e carne para a Europa.
O comércio bilateral de bens entre as duas zonas representou pouco mais de 9 bilhões de euros (9,8 bilhões de dólares) em 2022.
Segundo Bruxelas, as exportações da UE para o arquipélago do Pacífico podem aumentar até 4,5 bilhões de euros (4,9 bilhões de dólares) por ano. Os investimentos da UE na Nova Zelândia podem crescer até 80%.
Para entrar em vigor, o acordo precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu e ratificado pela Nova Zelândia.
ALEMANHA - Chancelada na sexta-feira (07/07) pelo Bundesrat, a câmara alta do Parlamento alemão, a reforma da lei da imigração que promete simplificar o acesso ao mercado de trabalho alemão a pessoas de fora da União Europeia (UE) superou sua última etapa legislativa.
As mudanças serão introduzidas gradualmente até 2024.
Veja abaixo um resumo dos principais pontos aprovados.
"Cartão de oportunidade" para procurar emprego
Permite aos estrangeiros que vivam na Alemanha por até um ano enquanto procuram emprego. Pré-requisito: ter qualificação profissional com duração mínima de dois anos ou um diploma universitário.
Os cartões, baseados em um sistema de pontos, serão concedidos àqueles trabalhadores com bom potencial para o mercado de trabalho e consideram os seguintes critérios: qualificação e experiência profissional, conhecimentos de inglês e de alemão, idade e conexões com a Alemanha. No caso de casais, o potencial profissional do parceiro também é levado em conta.
Renda: para ter alguma renda enquanto procura trabalho, quem receber o cartão também poderá exercer uma ocupação ocasional de até 20 horas semanais.
Processo simplificado para quem não estudou na Alemanha
Mesmo quem ainda não tem a qualificação profissional reconhecida na Alemanha poderá migrar e começar a trabalhar desde o primeiro dia no país – exceto para profissões regulamentadas por lei, como advocacia –, desde que cumpra os seguintes requisitos:
Qualificação profissional com duração mínima de dois anos.
Experiência profissional mínima de dois anos.
Uma oferta concreta de emprego com remuneração mensal mínima de acordo com a categoria profissional.
Quem receber abaixo da renda mínima mensal estipulada precisará ter a qualificação profissional reconhecida na Alemanha. Para isso, empregado e empregador devem cumprir eventuais exigências adicionais de qualificação.
Mais flexibilidade para quem estudou na Alemanha
Quem estudou na Alemanha ou já teve sua qualificação profissional reconhecida vai poder trabalhar em uma área correlata, se assim quiser. Por exemplo: um pedreiro poderá trabalhar como pintor, alguém formado em administração de empresas poderá trabalhar com logística.
Mais flexibilidade para estudantes e alunos de cursos de alemão
Estudantes de nível técnico e superior terão mais flexibilidade para conciliar os estudos com algum trabalho.
Estudantes de escolas de alemão poderão exercer um trabalho ocasional.
Regras especiais para profissionais de TI
Profissionais da área de Tecnologia da Informação poderão trabalhar na Alemanha sem diploma acadêmico e sem conhecimentos de alemão, desde que comprovem sua qualificação por outros meios (experiência profissional).
Reunião familiar
Profissionais empregados que recebam um visto de permanência a partir do dia 1 de março de 2024 poderão trazer seus pais e até sogros para a Alemanha.
Integração de refugiados
Pessoas que pediram asilo à Alemanha antes do dia 29 de março de 2023 poderão permanecer no país independente da análise do requerimento caso tenham uma oferta de trabalho para a qual possuam qualificação profissional adequada.
por dw.com
BRASÍLIA/DF - A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) definiu na última sexta-feira, 30, que a bandeira tarifária do mês de julho será verde e com isso o preço da energia não será alterado e a conta de luz não ficará mais cara.
Contudo, vale destacar que essa sinalização demonstra que não haverá cobrança complementar na conta de luz em julho para todos os consumidores de energia elétrica conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
“A manutenção da bandeira verde é um alento para o cidadão, que cada vez mais está alerta para o consumo consciente de energia. Toda a sociedade é beneficiada com as condições de geração de energia favoráveis”, disse o diretor geral da ANEEL, Sandoval Feitosa.
A bandeira verde está vigorando desde abril de 2022 em decorrência das condições favoráveis de geração no país. Com isso a conta de luz não está ficando mais cara por esse sistema. A ANEEL mantém o posicionamento de que é provável que haja bandeira verde em todo o ano de 2023, a julgar pelos dados disponíveis que permitem a atualização permanente de projeções de acionamento das bandeiras tarifárias.
O SIN é a malha de linhas de transmissão elétrica que conecta as usinas aos consumidores. A bandeira verde indica a melhoria dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas. O mecanismo das bandeiras tarifárias, criado em 2015, tem o objetivo de propiciar transparência ao custo real da energia.
Com informações da Agência Nacional de Energia Elétrica.
A dupla foi presa em flagrante ao tentar postar o dinheiro falso em uma agência dos Correios
SÃO BERNARDO DO CAMPO/SP - Policiais civis do 8º DP de São Bernardo do Campo prenderam, na tarde de segunda-feira (3), dois homens, de 40 e 43 anos, que estavam com R$ 11 mil em notas falsas. A ação ocorreu logo após a dupla tentar postar o dinheiro em uma agência dos Correios localizada na Avenida do Taboão, em São Bernardo.
Os agentes investigavam um esquema de envio de notas falsas pelos Correios. Eles receberam informações de que dois suspeitos estariam utilizando um VW/Gol para realizar atividades ilícitas. Após localização do veículo, eles foram detidos com dez envelopes na frente de uma agência após não conseguirem realizar as postagens dos envelopes por falha do sistema operacional da agência.
Ao serem perguntados sobre o conteúdo dos envelopes, a dupla mostrou aos policiais, que encontraram notas falsas de moeda corrente, as quais seriam enviadas aos respectivos endereçados.
Ao todo foram encontradas 169 notas, sendo 136 notas de R$ 50, 24 notas de R$ 100 e nove notas de R$ 200, que totalizaram R$ 11.000,00 em dinheiro falso.
O caso foi registrado como moeda falsa e localização e apreensão de objetos no 8º DP de São Bernardo. Os dois homens foram encaminhados para a carceragem e as notas enviadas ao Instituto de Criminalística para análise.
ALEMANHA - O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços, caiu de 52,8 em maio para 49,9 em junho, atingindo o menor nível em seis meses, segundo pesquisa final divulgada nesta quarta-feira pela S&P Global. A leitura abaixo de 50 sugere que a atividade econômica do bloco teve leve contração no mês passado.
O número definitivo de junho ficou abaixo da leitura preliminar e da expectativa de analistas consultados pela FactSet, de 50,3 em ambos os casos.
O PMI de serviços da zona do euro, por sua vez, recuou de 55,1 para 52 no mesmo período, tocando o menor patamar em cinco meses e igualmente abaixo da estimativa inicial, de 52,4. O resultado acima de 50, porém, indica que o segmento continua em expansão.
No acumulado do ano, faturamento cresce 15,8%, o melhor para o período desde 2015
SÃO PAULO/SP - Impulsionado pelo transporte aéreo, o turismo nacional segue em expansão. Em abril, o setor registrou faturamento de R$ 17,6 bilhões, índice 9,8% acima do apontado no mesmo período de 2022. No acumulado do ano, a elevação foi de 15,8%, o que representa ganho de R$ 9,8 bilhões, para um total de R$ 73 bilhões. Esse é o melhor resultado desde 2015, aponta os dados do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que tem como base as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O segmento de transporte aéreo liderou o desempenho do turismo nacional, com alta anual de 18,1% em abril, ao faturar R$ 5,6 bilhões. Apesar do número de passageiros transportados no quarto mês do ano ser 5% abaixo do registrado no mesmo período de 2019 (pré-pandemia), o valor médio mais alto das tarifas aéreas é um dos principais fatores para o desempenho do setor.
A segunda maior variação no mês ficou por conta do grupo de atividades culturais, recreativas e esportivas, que constatou faturamento de R$ 1,3 bilhão, o que representa 12,3% a mais em relação a abril de 2022. De acordo com o levantamento, o faturamento foi recorde para a época. Apesar disso, o grupo ainda está com desempenho abaixo dos níveis constatados em 2019.
Os serviços de alimentação e alojamento também seguiram tendência positiva, avançando 6,9% em abril, com faturamento de R$ 5,05 bilhões, ainda que o nível atual esteja 6,5% abaixo do registrado há quatro anos. O cenário pode ser justificado pelo fato de a inflação de alimentos, nos últimos anos, ter gerado impacto negativo a bares e restaurantes, que precisaram repassar o aumento de custos aos consumidores. Por isso, é natural que haja uma limitação de gastos fora de casa. No entanto, o cenário de elevação menor nos preços e a recomposição do poder de compra vão permitir a continuidade do desempenho favorável do setor de alimentação.
O grupo de transporte terrestre obteve desempenho tímido, com crescimento de 1,6%. No entanto, o faturamento de R$ 2,74 bilhões está próximo aos maiores níveis para o mês da série histórica. É esperado que ocorram um ajuste de crescimento após um ciclo forte de expansão e, ao mesmo tempo, o aumento da concorrência pelo transporte aéreo, que tem apresentado preços cada vez mais competitivos.
De acordo com a FecomercioSP, os turismos de lazer e corporativo estão crescendo de maneira sólida. O segundo, por exemplo, registrou aumento de 29% no primeiro trimestre deste ano, responsável por aproximadamente 45% para o desempenho geral do setor, conforme dados do Levantamento de Viagens Corporativas, o LVC, também da Federação, em parceria com a Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev). O resultado mostra que as empresas estão gastando mais com passagens aéreas, transporte terrestre, meios de hospedagens, locação de veículos, entre outros.
Embora seja uma conjuntura positiva, a Federação ressalta que, da mesma forma como ocorre no varejo, os números não refletem necessariamente lucro das empresas de turismo. Um exemplo disso é a aviação, que tem seguido com resultados financeiros negativos nos últimos anos, enfrentando o impacto expressivo do aumento nos custos.
Segundo a FecomercioSP, o setor, felizmente, está bastante aquecido, uma vez que a demanda por viagens no pós-pandemia cresceu, assim como o número de pessoas que estão fazendo reservas financeiras para esse fim. A tendência deve seguir dessa forma, pois a inflação está incomodando menos o bolso do consumidor, e o mercado de trabalho continua em ascensão. Além disso, a redução próxima dos juros deve estimular o crédito, variável importante para o consumo de serviços de turismo no Brasil. Portanto, apesar das variações menos expressivas, o setor segue em trajetória favorável no médio e no longo prazo.
Nota metodológica
O estudo é baseado nas informações da Pesquisa Anual de Serviços e dados atualizados com as variações da Pesquisa Mensal de Serviços, ambas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números são atualizados mensalmente pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e foram escolhidas as atividades que têm relação total ou parcial com o turismo. Para as atividades que têm relação parcial, foram utilizados dados de emprego ou de entidades específicas para realizar uma aproximação da participação do turismo no total.
BRASÍLIA/DF - A proposta de reforma tributária apresentada na semana passada pode provocar um aumento de 59,83%%, em média, nos impostos que recaem sobre a cesta básica e itens de higiene, de acordo com estimativa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O presidente da entidade, João Galassi, esteve hoje (1°), na capital paulista, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir os impactos da reforma sobre o setor.
Pelos cálculos da associação, os estados da região Sul serão os mais afetados, caso a reforma seja aprovada no Congresso Nacional, já que o aumento médio na tributação será de 93,5%. As regiões Centro-oeste e Sudeste aparecem logo em seguida na lista, com alta prevista de 69,3% e 55,5%. Para as regiões Norte e Nordeste, o incremento deve ser de 40,5%, 35,8%.
No levantamento, foram considerados produtos como arroz, feijão, carnes ovos, legumes, dentre outros. A Abras levou em conta a adoção reduzida em 50% sobre a alíquota padrão do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) prevista de 25%, que está em discussão.
A possibilidade de haver encarecimento de produtos básicos já havia sido antecipada por especialista ouvido pela Agência Brasil. O texto relativo à reforma tributária tem como foco a simplificação e unificação de tributos sobre o consumo e a criação do Fundo de Desenvolvimento Regional, com montante de R$ 40 milhões, para destinar verba a projetos de estados com menos orçamento. O relator da matéria, que deve ser votada na Câmara dos Deputados esta semana, é o parlamentar Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Ao final da reunião, o secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, rebateu os números da Abras, dizendo que o patamar de tributos que incidem sobre a cesta básica deverá permanecer na mesma linha do que existe hoje, mesmo com a reforma. Appy afirmou que o cálculo da associação "não informa", e sim "desinforma", porque deixa de fora parte dos efeitos positivos que o redesenho da tributação deve ocasionar.
"Primeiro, não é que estão dizendo que vai haver um aumento de 60% na cesta básica. O que eles estão dizendo é que a carga tributária, o montante que incide sobre a cesta básica teria um aumento de 60%, pelas contas deles. Por esse tipo de raciocínio, se eu tiver uma alíquota de 0,1% e ela for para 1%, aumentou 900%. Segundo, mesmo a conta que eles trouxeram está errada. Por quê? A conta que a Abras fez pegou simplesmente do ponto de vista da tributação atual da margem dos supermercados, na venda de produtos da cesta básica, do PIS Cofins, eles estimaram, com base nas alíquotas de cada estado, qual o impacto da adoção de uma alíquota que fosse 50% de uma alíquota básica, que é o que está previsto na PEC", disse.
"Problema do cálculo deles: primeiro, não consideram todo o resíduo tributário correspondente a todas as etapas anteriores da produção e o custo tributário que incide nos produtos é o custo todo, desde o produtor até o consumidor, contando todo o imposto que é pago, inclusive o imposto que não é recuperado em todas essas etapas. Segundo ponto que falha no raciocínio deles: só olharam tributação da margem dos produtos da cesta básica, esqueceram de colocar no cálculo deles a redução de custos que os supermercados vão ter em função da cesta básica, pela recuperação de créditos que hoje eles não recuperam. Hoje, por exemplo, não recuperam crédito nenhum do imposto incidente na energia elétrica usada no supermercado, no serviço que ele usa de terceirização de mão de obra, no que compra para o seu ativo imobilizado. Todo o investimento que faz é tributado e eles não recuperam crédito", acrescentou.
Por Letycia Bond - Repórter da Agência Brasil
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