Varejistas devem apostar em estratégias de descontos com PIX, fidelização de clientes e divulgação nas redes; itens essenciais devem dar a tônica da demanda. Divulgação do Sincomercio São Carlos
SÃO CARLOS/SP - A Black Friday do primeiro semestre, ou o Dia do Consumidor, no dia 15 de março, será um termômetro importante do consumo no País em meio a uma conjuntura econômica complexa.
De um lado, o mercado de trabalho permanece bastante resiliente, com uma taxa de desemprego historicamente baixa e, por consequência, uma massa de renda que leva as famílias às compras. De outro, a inflação, que permanece acima do teto da meta (o IPCA está em 4,56% no acumulado dos 12 meses até janeiro), forçam os juros altos e — como apontam diferentes indicadores da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) — impactam a confiança de consumidores e do empresariado. Divulgação do Sindicato do Comércio Varejista de São Carlos e Região (Sincomercio).
As perspectivas são positivas para este ano, contudo. Além de ter se tornado uma Semana do Consumidor, a data é uma oportunidade para diversos segmentos alavancarem as vendas. Isso acontece porque, diferentemente de outras datas comemorativas, em que a busca é por presentes, no Dia do Consumidor as pessoas vão comprar produtos para uso próprio.
Nesse contexto, a FecomercioSP avalia que a demanda por bens essenciais, como itens de saúde, higiene pessoal e beleza, será maior — que tendem a ter melhor desempenho do que alguns produtos duráveis, como eletrodomésticos e eletroeletrônicos.
Os clientes devem encontrar boas oportunidades de desconto em eletrodomésticos e eletrônicos, mas, considerando a atual conjuntura econômica, a expectativa da Federação é de que a maioria adote uma postura mais cautelosa na compra de bens duráveis, normalmente dependentes de crédito e que comprometem a renda por vários meses, com o objetivo de manter o orçamento doméstico sob controle.
Em 2024, vale lembrar, as vendas do Dia do Consumidor no Brasil caíram 2,4% em comparação ao ano anterior, registrando um faturamento de R$ 602,8 milhões no dia 15 de março, de acordo com os dados da consultoria Confi.Neotrust. Além da forte base de comparação (alta de 161%, em 2021, e 16%, em 2022, bem como retração de 21%, em 2023), a estratégia de diluir as vendas ao longo da semana da data em questão ajuda a explicar essa queda. Mas, então, como o varejo pode aproveitar a ocasião para melhorar as vendas?
DICAS PARA VENDER MAIS
A primeira orientação da FecomercioSP é que os negócios elaborem ações não somente para o sábado, mas já para esta semana — e, claro, para a próxima. Isso inclui promoções, campanhas de desconto, estruturas de cashback, ofertas exclusivas para clientes cadastrados e projetos de divulgação nas redes sociais, uma espécie de aquecimento.
Tão importante quanto é destacar que todas essas informações devem ser reais, e os descontos, de fato, observados pelas pessoas. É uma orientação óbvia, mas que costuma prejudicar alguns negócios nessas datas.
A Federação reforça, novamente, que por ser uma data em que as pessoas vão comprar itens para uso próprio, segmentos não beneficiados por eventos tradicionais podem aproveitar o Dia do Consumidor para alavancar as vendas. É o caso da comercialização de medicamentos, produtos de higiene, autopeças ou serviços de revisão de veículos, entre outros.
Algumas consultorias deverão publicar, nos próximos dias, pesquisas com tendências de compra dos consumidores — não apenas de produtos, mas de temas e condições de pagamento. Observar esses estudos para guiar o planejamento é fundamental.
No varejo, especialmente, pode ser o momento para usar alguns itens parados em estoque, que tenham relação com o verão, para incluir nas promoções. Um dos aspectos que deve ajudar os negócios a vender mais é oferecer flexibilidade no pagamento — principalmente com o PIX. É bom para todos: o cliente, que pode pagar com facilidade e ganhar um desconto relevante nessa modalidade (dependendo da estratégia utilizada), e o varejista, que reforça o caixa em um momento complexo da economia do País.
Em 2024, ainda segundo dados da Confi.Neotrust, 30% dos pagamentos no Dia do Consumidor do ano passado foram realizados via PIX. No ano anterior, essa taxa havia sido de 17%.
No caso de marketplaces, é a hora de simular os fretes da mercadoria ofertada e verificar se os valores não estão mais altos do que a concorrência. Diversas pesquisas apontam que o preço da entrega é um dos principais motivos pelos quais as pessoas “abandonam o carrinho” de compra na metade do processo. Assim, é importante criar estratégias para mudar essa trajetória. Nas lojas físicas, oferecer a entrega gratuitamente — se a margem de lucro permitir — pode ser uma abordagem bastante exitosa.
Por fim, o Dia do Consumidor traz a chance não só de aumentar as vendas como também de fidelizar clientes, que, no limite, é o que permite a boa saúde dos negócios.
Mas como fazer isso?
Em primeiro lugar, checando se o estoque que aparece no sistema do estabelecimento confere com o que está disponível. Cancelar a venda é o pior cenário possível. Em segundo, é importante garantir que o serviço de entrega ou de expedição dos produtos esteja funcionando perfeitamente, com dinamismo e precisão.
No caso das lojas físicas, observar se os preços nas gôndolas estão corretos e treinar os funcionários para o atendimento, além de oferecer descontos no PIX, garantem uma boa experiência de compra.
Se todas essas medidas forem implementadas, o negócio estará operando perfeitamente, oferecendo qualidade de atendimento e atratividade nos preços — e, então, a tendência é de vender mais.