Crescimento exponencial
Pesquisas anteriores, conduzidas principalmente em animais, sugeriram que os agregados se formam em uma região e, em seguida, se espalham por todo o cérebro, da mesma forma que o câncer se espalha. O novo estudo aponta que, embora essa disseminação possa ocorrer, ela não é de fato o principal fator para a progressão da doença.
"Uma vez que temos essas sementes, pequenos pedaços de agregados por todo o cérebro, eles simplesmente se multiplicam e esse processo controla a velocidade", explicou Meisl.
O estudo conseguiu determinar que os agregados levam cerca de cinco anos para dobrar de quantidade. Esse número é "encorajador", de acordo com Meisl, porque mostra que os próprios neurônios do cérebro são bons em neutralizá-los.
"Talvez se pudermos melhorá-lo um pouco, possamos atrasar significativamente o início de uma doença grave."
O grau da doença de Alzheimer é medido de acordo com a chamada "Escala de Braak". A equipe descobriu que leva cerca de 35 anos para progredir do estágio três, quando os sintomas leves começam a aparecer, para o estágio seis, o mais avançado.
Se os agregados dobram aproximadamente em cinco anos, em 35 anos eles teriam se multiplicado por 128. Esse crescimento exponencial "explica por que a doença demora tanto para se desenvolver e então a pessoa se deteriora rapidamente".
Usando o mesmo método, a equipe tenta investigar a demência frontotemporal e lesões cerebrais traumáticas. "Tau é uma proteína culpada por vários tipos de demência e faria sentido explorar como ela se espalha em doenças como a demência frontotemporal", disse Sara Imarisio, do instituto Alzheimer's Research UK.
"Esperamos que este e outros estudos semelhantes ajudem a desenvolver tratamentos futuros que tenham como alvo a tau, de modo que tenham uma chance melhor de desacelerar o processo da doença e beneficiem pessoas com demência." / AFP
*Por: ESTADÃO